Por Vicente Vilardaga: 2022, um ano para varrer a extrema-direita do mapa

POLÍTICA

Se há um fato perturbador hoje na sociedade brasileira, além do medo da pandemia, é o avanço do discurso de ódio e destruição da extrema-direita. Foi algo dominante nesse ano que finda, uma mosca que pousou na nossa sopa. No governo, o espírito extremista apareceu na vontade de prejudicar o funcionamento das boas estruturas do Estado e apagar, tornar secretas ou censurar informações estratégicas da população.

No dia a dia, pensamentos que pareciam extintos, como a aversão à vacina, à ciência, à inteligência e a processos eleitorais eficientes como a urna eletrônica eclodiram de maneira escabrosa. Sabotagens nos sistemas do governo com nítida inspiração bolsonarista ainda prejudicam o aplicativo do SUS com informações sobre a vacinação. Vê-se a sombra de regimes do mal como o fascismo e o nazismo alimentando esse tipo de iniciativa, cujo objetivo subjacente é instalar um clima de incerteza e terror e, afinal, melar o jogo democrático.

Está claro que a extrema-direita tenta se infiltrar na máquina estatal, onde se nota seu bafo encardido em várias falas e medidas, e na sociedade, com um grupo expressivo de cidadãos sendo seduzidos pela cultura da morte e pelo negacionismo. Da parte do presidente Jair Bolsonaro houve em alguns momentos agudos um esforço explícito de acabar com a democracia, que só na ruiu porque é forte, a grande maioria da população ainda gosta do sistema, e por causa do STF.

Esse espectro extremista é amplificado pelas mídias digitais, que viraram um recurso prioritário desse pessoal da ultradireita, que não cansa de criar armadilhas e tentar tumultuar processos legítimos. Dentro do governo se desenvolve uma caça às bruxas em que servidores públicos e profissionais não alinhados com o ideário bolsonarista são perseguidos e assediados. Vigora um sistema do tipo fascistoide “quem não está com a gente está contra nós”.

A boa notícia é que esse esquema sombrio pode acabar com resistência democrática, altivez, firmeza permanente, um discurso límpido e contundente e, principalmente, com eleições. No fundo, os radicais que Bolsonaro empodera são só fumaça, um tubo de ensaio para testar a nossa resistência democrática, que é imensa. O Brasil é muito melhor do que o atual presidente e sua visão desalmada só vai frutificar entre uma minoria altamente individualista que pouco se importa com o outro.

Não há que ter medo dos propagadores do ódio. Todos os outros espectros políticos têm acesso às mesmas mídias e serão capazes de garantir um enfrentamento digital à altura nesse processo eleitoral que já está em andamento. A ultradireita pode até ser um grupo coeso, mas suas opiniões não se sustentam e sua negação da vacina é ignorância. A situação chegou a tal ponto que não há saída: depois do abismo da estupidez chegarão tempos de lucidez. A extrema-direita será vencida de maneira avassaladora.

*** Informações com 👉 Revista IstoÉ
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