SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O médico cardiologista Bruno Caramelli apresentou à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) um pedido de expulsão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, da entidade.
Presidente licenciado da SBC, Queiroga deixou seu comando em março deste ano para assumir o cargo de ministro no governo Jair Bolsonaro.
Caramelli, que preside o departamento de cardiologia clínica da SBC e é diretor no InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, cita a resistência do ministro em recomendar a imunização contra a Covid-19 para crianças.
O ministro da Saúde decidiu abrir uma consulta pública sobre a vacinação de crianças. A iniciativa gerou críticas, já que a imunização infantil foi anteriormente autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Por isso, Queiroga e Jair Bolsonaro (PL) estão sendo acusados de postergar a vacinação desta faixa etária.
O ministro nega, e diz que a vacinação ocorrerá já em janeiro. Segundo ele, o texto da consulta já recomenda a imunização, e a consulta serviria apenas para a discussão de procedimentos e melhor informação dos pais. “A pressa é inimiga da perfeição. Principal é a segurança”, afirmou Queiroga no último dia 20.
“Está todo mundo horrorizado”, diz Caramelli sobre a consulta pública. “O argumento que eles usam é o de que a ciência está dividida. É mentira. Ele continua insistindo nisso, logo ele que é cardiologista e que era presidente da SBC”, segue.
Caramelli ainda descarta riscos cardíacos causados pelo imunizante às crianças. “Nós já estamos acompanhando, é uma complicação muito rara e, na maioria das vezes, muito suave. A relação risco-benefício é totalmente favorável às vacinas”, diz.
O autor do pedido de expulsão de Queiroga cita artigo do estatuto da entidade que prevê a expulsão de quem “praticar, com culpa ou dolo, qualquer ato contrário aos interesses e à consecução do objeto social da SBC”.
Segundo Caramelli, Queiroga age contra os objetivos da SBC por supostamente atuar para impedir a vacinação de crianças no país. Procurada, a entidade não respondeu até a publicação deste texto.
Em entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada, na última sexta-feira (24), Bolsonaro lançou diversas suspeitas quanto à segurança da vacina aprovada pela Anvisa. O imunizante é da Pfizer.
“Eu tenho uma filha de 11 anos. É uma vacina nova. Não está havendo morte de crianças que justifique algo emergencial. E tem outros interesses, entra a desconfiança nisso tudo. Lobby da vacina”, afirmou o presidente.
Na quinta (23), Queiroga afirmou que o governo federal recomendará a autorização da vacinação com o imunizante da Pfizer desde que haja prescrição médica para a aplicação.
A Anvisa autorizou no dia 16 deste mês o início da imunização ao público infantil. Desde o início da pandemia, 301 crianças com idade entre 5 e 11 anos morreram da doença.
*** Informações com 👉 FolhaPress
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