Ciro pode ter palanque puro no Ceará, mas põe em risco a eleição do governo do Estado; diz o jornalista Reginaldo Silva.

POLÍTICA

Sobra inteligência ao presidenciável Ciro Gomes, falta-lhe sabedoria no uso das palavras. Quando Fernando Henrique Cardoso deixou a presidência da República e passou democraticamente a faixa presidencial para Lula, ainda no aeroporto, um repórter lhe perguntou: o que o senhor vai fazer agora ex-presidente? Ele respondeu: vou reler Maquiavel. Os oito anos de presidente da República, não foram suficientes para compreensão do clássico da literatura política.

Uma das lições de o Príncipe que Ciro ainda precisa colocar em prática fala justamente dessa sabedoria política: ” Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos”, diz Maquiável.

Ciro tem um problema de comunicação. Ele diz, as coisas no tempo certo, na hora certa e no tom errado. Talvez esteja aí, um dos motivos pelos quais não decola nas pesquisas eleitorais. Ele precisa voltar a aprender a ouvir as bases, o grande tempo afastado dos mandatos, também o afastaram desse contato direto com a sabedoria popular.

As últimas declarações de Ciro sobre a política do Ceará, jogaram fogo em um barril de pólvora na aliança entre PDT e PT no Estado. Os ânimos se acirraram e não faltaram farpas de todos os lados.

As declarações de Ciro tinha um endereço certo, montar um palanque puro no Ceará e acabar com os milindres do PT, que se ofende, todas as vezes em que alguma crítica real é feita por Ciro em relação ao ex-presidente Lula.

Ciro não unificaria só o palanque no Ceará, mas unificaria seu discurso em todo o Brasil, mas uma vez, seu pensamento tem coerência política, mas a forma como é conduzida, traz consequências que podem custar o Palácio da Abolição no Estado.

A preferência de Ciro por Roberto Cláudio, o ex-prefeito de Fortaleza, também fica evidente. Roberto tem muita força na Capital, mas não tem tanta força no interior, onde fica a maior parte do eleitorado cearense. Com um reino dividido, o principal nome da oposição, no caso, o deputado federal Capitão Wagner seria o maior beneficiado com essa divisão.

Em um reino divido, Camilo por ser do PT, jamais pode ter sua liderança descaracterizada, sua força vem muito mais do carisma pessoal, do que seus feitos no governo, não seria prudente, tê-lo em um palanque diferente.

Além desses fatores ainda existe um fato mais importante, que precisa ser considerado, os ensinamentos bíblicos, que varam séculos e permanecem vivos e atuais. Em Mateus 12:25, Jesus diz: “Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”.

Ciro pode até ter um palanque “puro” no Ceará, mas coloca em risco a eleição para o governo do Estado e vai favorecer seus maiores rivais, Wagner e Bolsonaro.

Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

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