No comando do ‘inferno’ brasileiro estão Bolsonaro e o próprio Paulo Guedes: O avanço do atraso; diz Gilberto Menezes

POLÍTICA

Para quem não nasceu em berço de ouro ou pelo menos remediado, a escola sempre foi o canal de acesso, pelo mérito no aprendizado do conhecimento, como o fator de ascensão social. O fenômeno é histórico e mundial, No Brasil o fenômeno ficou mais claro na comparação da posição social entre os imigrantes europeus (italianos, espanhóis, portugueses, alemães e suíços) que vieram para o Brasil com suas famílias para trabalhar nas novas lavouras de café de São Paulo e Paraná, já na 2ª metade do século 19, quando a Lei Aberdeen, criada na Inglaterra, começou a restringir o tráfico de escravos negros.

Enquanto os negros, capturados e apartados de suas famílias no continente africano trabalhavam de sol a sol nas lavouras de café do Rio de Janeiro e na Zona da Mata de Minas Gerais, ou nas minas de ouro nas Gerais ou na Bahia e sertão do país, as famílias livres dos agricultores europeus, tiveram acesso ao meio de produção (a terra), em troca do cultivo, em meia ou terça, de milho, feijão e mandioca na rica terra roxa, entre as “ruas” do café do planalto paulista e paranaense, e puderam acumular recursos e ter ascensão social, com acesso posterior à educação.

Quando libertos no 13 de maio de 1888, os ex-escravos não tiveram qualquer facilidade no acesso à terra para o próprio sustento e muito menos foram beneficiados de políticas públicas, a começar pela educação, para permitir sua educação e aculturação na sociedade brasileira. Todas as pesquisas sociais apontam a falta de amparo educacional como um dos fatores determinantes para os negros e pardos (e índios) estarem na escala social e de renda inferior na sociedade brasileira.

A inclusão social, da qual as cotas raciais nas escolas e universidades se transformaram em importantes instrumentos de correção de séculos de injustiças sociais, acabou torpedeada no governo Bolsonaro. Não se sabe o peso que o antagonismo existente no interior mais atrasado do Brasil dos imigrantes europeus para com a mão de obra liberta da escravidão (potencial concorrente) pode ter exercido na formação de Jair Bolsonaro, neto de emigrantes italianos, nascido na região cafeeira de Glicério (SP).

O fato é que, eleito, Bolsonaro nomeou para o Ministério da Educação pessoas indicadas pelo falecido guru Olavo de Carvalho, como o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, que depois de menos de 100 dias foi substituído por Abraham Weintraub, sucedido pelo breve Carlos Decotelli, que, embora nomeado, nem assumiu o posto, sendo substituído pelo pastor prebisteriano Milton Ribeiro. Este deixou o cargo em 28 de março deste ano, sob a avalanche de denúncias de tráfico de influência e corrupção de dois pastores ligados à Assembleia de Deus. A pasta foi assumida pelo secretário-executivo Victor Godoy Veiga.

Em comum, todos eles perseguiram as cotas raciais e cercearam a autonomia das universidades federais de ensino. O modelo bolsonarista para o ensino médio era o das escolas militares, onde a disciplina vale mais que o currículo escolar.

Mas faltava atender à pressão das áreas religiosas mais atrasadas para evitar que as crianças conheçam o mundo por si mesmas e, através do aprendizado, tirem suas próprias conclusões. No mais atrasado espírito dos mórmons, que vivem em comunidades isoladas nos EUA, ou dos talibãs, que voltaram ao poder no Afeganistão e perseguiram as escolas, proibindo e cerceando a presença de meninas e proibindo que as mulheres exponham seus rostos e olhos, a maioria da Câmara dos Deputados, onde os políticos ligados ao Centrão se aliaram à bancada evangélica, aprovou esta semana o projeto que cria a possibilidade do ensino em casa (“homescholling” na sigla em inglês). O Senado pode derrubar essa aberração.

Trata-se de um enorme retrocesso em relação ao processo de universalização do ensino, instituído no Brasil em 1962, com a Lei de Diretrizes e Bases para a educação. Vale a pena lembrar do mote da campanha de reeleição do vereador Carlos Bolsonaro (o filho 02) pelo Republicanos (o partido controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo) em 2020: “ajude a fazer avançar a agenda conservadora”.

A contradição foi eleita com folga e passou a dar expediente no Palácio do Planalto. Neste sábado, o “homescholling” foi um dos motivos de celebração do presidente Jair Bolsonaro com seus apoiadores em Curitiba, no evento “Marcha para Jesus”, que atraiu milhares de fiéis e apoiadores à capital paranaense. Está demarcado o terreno: se depender da escola pública que está esvaziada em todos os seus aspectos, os alunos pobres filhos de pais que pouco acesso tiveram à instrução e aos bancos escolares seguirão sem perspectiva. Ao Deus dará. Nem Jesus virá salvar.

Inferno ou purgatório do caos?

Ao contrário do que disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, o inferno da inflação não passou. Os consumidores e donas de casa que o digam! Em abril, a inflação oficial, medida pelo IPCA, que mede as despesas das famílias que ganham até 40 salários mínimos (48.480), chegou a 12,13% no acumulado de 12 meses, enquanto o INPC, que mede as despesas das famílias que ganham até cinco salários mínimos (R$ 6.060), acumulou 12,47%. Na próxima 3ª feira (24.05), o IBGE divulga o IPCA-15 de maio, que é uma prévia do índice cheio deste mês. Pelas estimativas do mercado (a mediana aponta 0,50%, o Bradesco espera 0,45%), a taxa mensal do IPCA-15 manterá a inflação acima de 12%.

Mais otimista, a LCA Consultores prevê 0,39%, o que deixaria o IPCA-15 acumulado em 11,97%. Uma taxa acima de 0,41% mantém a taxa em 12 meses na faixa de 12%. Paulo Guedes poderia até ter razão. Do ponto de vista estrutural, o choque dos preços internacionais do petróleo, combustíveis, fertilizantes, minérios e alimentos atingiu o pico em abril e está descendo pelo outro lado da montanha. Mas a saída do inferno não indica que o brasileiro voltará ao paraíso, ou a um cenário tranquilo. Esta semana, ao fazer a revisão das projeções da economia, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia manteve a previsão de que o PIB vai crescer 1,5%, mas elevou de 6,55% para 7,90% a expectativa da inflação do ano, medida pelo IPCA. Já a inflação das camadas mais pobres deve subir de 6,70% para 8,10%, no INPC.

Em termos domésticos, é melhor ficar ressabiado com os impactos da onda de frio da semana que passou nos preços dos alimentos. No ano passado, cafezais (no Sul de Minas), plantações de cana de açúcar (SP) e lavouras de legumes e verduras no Paraná, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Espírito Santo foram afetados em junho e julho e geraram escalada de preços em agosto e setembro. Este ano, o frio veio mais cedo, e os estragos podem se repetir. Há muito espaço para distorções especulativas. Na semana passada, num mesmo dia, vi o quilo de umas tenras cenouras ser cotado a R$ 3,20 em supermercado da Zona Norte (onde comprei). Já no Zona Sul, em Ipanema, o quilo de murchas cenouras valia o dobro. Muita gente que não pode pesquisar acaba pagando mais caro (é melhor boicotar).

As surpresas na inflação têm se repetido de tempos em tempos. As notícias desagradáveis superam os esforços do governo para abrir sua caixa de bondades buscando atrair simpatias para a reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro. As últimas pesquisas eleitorais não confirmaram a continuidade dos pontos ganhos pelo presidente após a saída de cena do ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro. Há muitos indecisos. Mas Bolsonaro estagnou e Lula voltou a crescer e, na falta de uma 3ª opção, aumentaram as chances de levar no 1º turno. No comando do inferno brasileiro estão Bolsonaro e o próprio Paulo Guedes.

Por instinto ou orientação dos filhos, a começar por Carlos Bolsonaro, o 02, Bolsonaro segue a cartilha de Donald Trump, para criar “fatos alternativos” e desviar o foco das manchetes de questões negativas para o seu governo. Mesmo dizendo mentiras ou besteiras, um presidente dos Estados Unidos é sempre notícia e ganha manchetes. Bolsonaro tem menos poder de fogo na escala global, mas suas ações e disparates ainda merecem atenção. Quantas vezes não recorreu a isso – no dia em que a inflação furou o teto de 12% demitiu o ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque – para desviar a atenção? Esta semana, após tantas notícias negativas, Bolsonaro tentou criar um fato novo: por intermédio do obscuro advogado paranaense Eduardo Magalhães, de 35 anos e apenas 11 anos de experiência concentrada na Justiça do Trabalho, e sem qualquer atuação em cortes superiores, tentou justamente mover queixa-crime contra o ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, acusando-o em ação protocolada às 22h10 de 2ª feira, de perseguição política e abuso de poder, devido ao inquérito das “fake news” (sempre elas).

Mesmo caindo nas mãos de um dos ministros mais flexíveis aos pleitos de Jair Messias Bolsonaro – fora a dupla Nunes Marques e André Mendonça, nomeada pelo presidente da República -, o ministro Antônio Dias Toffoli rejeitou imediatamente, na 3ª feira, “por ausência de justa causa”, a ação, acrescentando que seria o cúmulo o juiz do caso virar “réu pelo simples fato de ser juiz”. Não obstante, após ter a porta fechada na cara, o jovem advogado curitibano, bolsonarista de carteirinha, ajuizou, horas depois, a mesma ação junto ao Procurador Geral da República. Quem sabe acreditou que, por ter sido mais servil ao presidente que à própria República, que representa, o baiano Augusto Aras iria encontrar um meio de tocar o terror contra o ministro Moraes?

Ante a pouca disposição do PGR em abraçar o caso – seria atribuição da vice-procuradora, Lindora Araújo, menos dócil aos personalistas pleitos presidenciais -, restou a Jair Bolsonaro, que proclama aos quatro ventos que os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, que exerce e exerceu, respectivamente, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, função que caberá a Alexandre de Moraes a partir de fins de agosto, “infernizam o Brasil”. Ao se deparar, na mesma 4ª feira, com seu algoz em cerimônia no Tribunal Superior do Trabalho, fingiu que a ação contra Moraes não era de sua lavra. E foi cumprimentar e abraçar o ministro do STF. Antes, não escapou de ouvir, ao cerimonial mencionar o nome do ministro Alexandre de Moraes entre as autoridades presentes, a demoradíssima salva de palma, quase um desagravo dos representantes do Judiciário à investida presidencial. Se Jair Bolsonaro se curvou aos ditames da Justiça (eleitoral, inclusive), só o tempo dirá.

Elon Musk é o ‘must’

Mas a 6ª feira reservou o melhor fato para Bolsonaro comemorar nas redes sociais, sobretudo no Twitter, a ferramenta que mais utiliza, direta ou indiretamente por meio do grupo orientado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-Rio), que tem a senha do seu aplicativo: a visita ao Brasil do bilionário Elon Musk, nascido na África do Sul e com dupla cidadania canadense e norte americana. Considerado o homem mais rico do mundo em 2022, Musk é dono da Tesla, empresa líder na produção mundial de carros elétricos, e da Space X, que além de criar foguetes que vão ao espaço e são recuperáveis, gerando grande economia nas operações de lançamento de satélites, sua subsidiária, a Starling, empresa de serviços de internet, poderia atuar (recebeu em janeiro, sem licitação, licença da Anatel para operar 4,4 mil satélites de baixa órbita sobre o território brasileiro) no monitoramento da Amazônia, além de levar internet de banda larga a quase 20 mil escolas em municípios remotos da Amazônia e do Centro-Oeste. Diga-se que o governo tem contratos com empresas concorrentes, como Viasat, Hughes e Embratel. Em 2018, o Brasil fez contrato de R$ 700 milhões envolvendo a Viasat e a Embratel, do bilionário mexicano Carlos Slim, para monitorar a Amazônia.

E o governo já tem os sistemas do INPE que há anos registram os avanços dos desmatamentos e queimadas, além dos garimpos irregulares. Foi com essa agenda e de olho em gordos contratos possíveis com a implantação da tecnologia 5G no Brasil (Musk não se move por ações filantrópicas, como Bill Gattes), que foi convidado a vir ao Brasil pelo ministro das Comunicações Fabio Faria, para um almoço no sofisticado Hotel Fasano, em Porto Feliz, no interior de São Paulo. A presença de representantes das três operadoras de telefonia celular, fixa e banda larga do país que repartiram o espólio da Oi (aí incluído o banqueiro André Esteves, do BTG-Pactual, cujos fundos de investimentos arremataram por R$ 12,9 bilhões, em julho do ano passado, parte do controle da InfraCo, (a unidade de infraestrutura da Oi).

Como Jair Bolsonaro podia deixar de faturar a vinda de um empresário deste porte ao Brasil? Na avaliação do governo, Musk vale bem mais do que críticas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da embaixadora designada, Elizabeth Bagley, do presidente Emmanuel Macron, da França, ou do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. Não pelos eventuais investimentos que venha a fazer ou dos truques que seus sistemas de monitoramento possam fazer transformando, quem sabe com o uso de modernos “photoshops”, imagens da floresta calcinada em exuberantes biomas intactos. O que animou o governo Bolsonaro e os empresários bolsonaristas que foram convidados de última hora para animar o “coro dos contentes” e deslumbrados com Elon Musk foi outro “must”, a virtual transferência do controle do Twitter para o bilionário por US$ 44 bilhões (até agora o negócio não está confirmado, justamente porque Musk desconfia de que o uso indiscriminado de robôs infla o real número de usuários do ícone do passarinho azul. Para Bolsonaro e seus aliados, o controle do Twitter nas mãos de um empresário que deseja fechar o capital da empresa (o que reduziria a interferência da sociedade e dos mecanismos de governança da empresa para a transparência de seus negócios) e devolver o salvo conduto para Donald Trump usar e abusar do aplicativo para disseminar “fake news” (depois da infame instigação para a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 20201, Trump foi suspenso do Twitter, Facebook e do Whatsapp (atual Meta). Por isso, no discurso de saudação/bajulação a Musk, Bolsonaro disse que sua possível atuação à frente do Twitter representa um “sopro de esperança”. É tudo o que contam os bolsonaristas, usar a bel prazer (até a justiça eleitoral e o STF brecarem) as “fake news” na campanha de 2022, sob o pretexto da “liberdade de expressão”.

O próprio time dos empresários presentes mostra como, apesar do alarde em torno de Elon Musk, poucos pesos pesados, digamos mais independentes, foram convidados para o evento no restaurante do Hotel Fasano Fazenda Boa Vista. Além dos representantes da telefonia e sócios diretos e indiretos do empreendimento, como José Auriemo Neto, da JHSF (empreendedora) e Carlos Fonseca, da gestora Galápagos, estavam os bolsonaristas de carteirinha Carlos Sanchez, da farmacêutica EMS, Rubens Ometto, do grupo Cosan/Raízen, Rubens Menin, da construtora MRV, e André Esteves, do BTG-Pactual. Fluente em inglês, Esteves, apresentado por Faria como o “dono do 3º banco do país” (menos, ministro, o BTG-Pactual está em 10º em ativos, considerando o BNDES, não desbancou o Santander, sendo também 10% em recursos de terceiros), sentou-se na mesa principal ao lado de Musk, com quem trocou algumas impressões e cacifou seu Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), cujos alunos tiveram primazia sobre os do respeitado ITA para fazer perguntas ao bilionário. Já à esquerda do presidente Jair Bolsonaro estava o apoiador Rubens Ometto.

Flávio Rocha, do grupo Riachuelo, também estava presente. Pelo governo, além de Fábio Faria, habitué e vizinho do local, estavam os generais Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Paulo Sérgio Nogueira, do ministério da Defesa, a quem coube entregar medalha da Ordem do Mérito da Defesa ao dono da SpaceX, Tesla e Twitter (?), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, marcou presença, e o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas aproveitou para fazer campanha ao governo de São Paulo. A nota pitoresca ficou por conta do empresário Luciano Hang, da varejista Havan. Apoiador de primeira hora, Hang não estava na lista, mas se fez de “penetra”: postou-se na entrada do evento (de terno cinza, em vez do espalhafatoso verde com gravata amarela), só descansou quando foi incluído num puxadinho na mesa principal e pôde cumprimentar o homenageado no almoço de campanha. Afinal, nesta celebração da “liberdade”, logo ele, que defende a “liberdade de comprar”, com a réplica da “Liberty” que saúda os visitantes de cada estacionamento de suas mega-lojas pelo Brasil afora, não poderia ficar de fora dessa…

*** Informações com ➡ Jornal do Brasil

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