Pressionado pelas pesquisas de intenções de voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a adotar o discurso eleitoral sobre os reajustes de combustíveis que empregava em 2018, antes de assumir pela primeira vez a Presidência da República.
A partir 2019, mesmo em meio a críticas a Petrobras, Bolsonaro sempre esforçou-se para dizer que no seu governo não haveria intervenção na política de preços, para não desagradar aqueles que votaram nele na promessa de uma gestão liberal.
Na sequência o governo montou uma operação para desfazer qualquer imagem de intervenção, que envolveu declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e uma reunião no Palácio do Planalto para explicar a Bolsonaro como os preços são calculados.
“Uma frase que o presidente disse logo no início da reunião: ‘Eu não quero e não tenho direito de intervir na Petrobras. Eu não quero e não posso interferir na Petrobras'”, disse o ex-porta-voz da Presidência Rêgo Barros, reforçando o discurso.
Quando eclodiu a pandemia do coronavírus, os preços dos combustíveis caíram muito e o presidente deu uma trégua nessas declarações. Mais recente, no entanto, em fevereiro de 2021, tentou minimizar a pressão que exerceu para que Castello Branco renunciasse.
“Anuncio que teremos mudança sim na Petrobras. Jamais vamos interferir nesta grande empresa e na sua política de preços, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes”, discursou.
Aproximando-se das eleições e em segundo lugar nas pesquisas, Bolsonaro voltou a aumentar o tom e, agora, acompanhado de sua base no Congresso Nacional.
Neste final de semana, o presidente mudou o tom e indicou a intenção de intervir na companhia.
“Vamos para cima da Petrobras”, afirmou Bolsonaro a fiéis do Ministério Ressurreição que participavam do Ato de Unção Apostólica na capital do Amazonas para aplauso dos fiéis presentes neste sábado (18).
O mandatário ainda disse que o valor de mercado da Petrobras deve cair mais R$ 30 bilhões em razão da articulação, comandada por ele, para a abertura de CPI sobre a estatal.
Na sexta, Bolsonaro falou que a “coisa mais importante” é trocar o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, e os diretores e afirmou que, com a mudança, a expectativa é colocar alguém que possa “não conceder esse reajuste [no preço dos combustíveis]”.
Ministros afirmam ter declarado guerra a José Mauro Coelho, há menos três menos de terem o indicado e, nesta segunda, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avaliará a instalação de uma CPI para apurar os reajustes.
O mandatário volta, portanto, a se aproximar do discurso empregava nas últimas eleições. Em 2018, quando ainda almejava chegar ao Planalto, sinalizando apoio aos caminhoneiros que fazem parte da sua base, o então deputado federal afirmou que os reajustes da Petrobras serviam para “tapar o buraco da corrupção” das gestões petistas e para agradar governadores, que passariam a arrecadar mais ICMS.
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