Policial que se passou por médico no Ceará é afastado e tem arma de fogo retirada.

POLÍCIA

O policial Khlisto Sanderson Ibiapino de Albuquerque, de 34 anos, preso no interior do Ceará ao se passar por médico, foi afastado preventivamente das funções e teve a arma, identidade funcional e instrumentos policiais retirados pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD), que abriu mais duas investigações contra o soldado.

A instauração dos Processos Administrativos Disciplinares (PADs) foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) da última terça-feira (2/08/2022). Antes disso, a CGD já havia aberto uma investigação para apurar uma denúncia de violência doméstica praticada pelo policial contra um ex-sogra dele, agredida e chamada de “vagabunda”.
Nos novos processos, a CGD irá apurar a prisão em flagrante do agente em julho deste ano, por exercício ilegal da medicina no Hospital Municipal de Paraibapa, no interior do Estado, e por um crime de estelionato cometido pelo PM em 2009, no Rio Grande do Norte.
Na decisão, a Controladoria justificou que os fatos imputados ao agente são incompatíveis com a função pública.

“…além de ser necessário à garantia da ordem pública e à correta aplicação da sanção disciplinar, pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias, devendo ficar à disposição dos Recursos Humanos a que estiver vinculado, órgão este que deverá fazer a retenção de sua identificação funcional, arma de fogo, algema e qualquer outro instrumento de caráter funcional que esteja em posse do militar estadual”, informou a CGD.
Conforme a Polícia Militar, antes da prisão em flagrante, Khlisto encontra-se na situação de agregado, por, há mais de um ano, está afastado das atividades na corporação, por meio de licença para tratamento de saúde e continuava recebendo salário.
No novo processo administrativo da CGD também foi solicitado a suspensão do pagamento do agente.
“Outrossim, a medida ora deferida tem o condão de suspender o pagamento de qualquer vantagem financeira de natureza eventual que o afastado esteja a perceber”.
Venda de cheques e exercício ilegal da medicina

Conforme a primeira portaria da CGD, em setembro de 2009, Khlisto teria vendido um talão de cheques de uma mulher como se fosse dele, por R$ 1,5 mil. A prática foi configurada como crime de estelionato, segundo consta na denúncia em trâmite na 3ª Vara Criminal de Mossoró.
“…a documentação apresentada reuniu indícios de materialidade e autoria, demonstrando, em tese, a ocorrência de conduta capitulada como infração disciplinar por parte do militar acima mencionado, passível de apuração a cargo deste Órgão de Controle Externo Disciplinar”, publicou a CGD.
Na segunda portaria, a Controladoria citou a prisão do soldado no Hospital Municipal de Paraipaba, por exercício ilegal da medicina.
De acordo com a CGD, na ocasião, o agente relatou aos policiais civis que o prenderam que não dispunha de habilitação para exercer a medicina e teria conseguido a vaga através de um grupo de WhatsApp.
“Foi solicitado aquele Hospital fichas de atendimento externo de emergência, no que ficou constatado carimbo do SD PM ALBUQUERQUE assinando como médico”, afirmou a CGD.
Agressão a ex-sogra
Khlisto já foi preso no Presídio Militar em janeiro de 2020, após ter sido autuado em flagrante na cidade de Mossoró (RN), por agredir e ofender uma mulher que era sua sogra à época.
Na denúncia consta que o PM supostamente injuriou a sogra chamando-a de “vagabunda, sem vergonha, etc” e a agrediu fisicamente. Em seguida, entrou em luta corporal com seu cunhado, que ficou machucado no lábio inferior, no olho e no nariz, depois fez-lhe ameaças. A confusão teria começado, segundo o depoimento da mulher, porque ela chegou na residência e viu a filha com marcas de agressão no olho e indagou o soldado.
Antes desse episódio, Khlisto já respondia na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Mossoró por ameaça em contexto de violência doméstica e familiar praticado contra uma ex-companheira.
Farsa do policial
A farsa praticada por Khlisto foi descoberta quando a prefeita de Paraipaba recebeu a denúncia de um médico que estava tendo o número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) usado indevidamente pelo policial, que atendia como plantonista no Hospital Municipal de Paraipaba.
Na ocasião, a prefeita da cidade, Ariana Aquino, acompanhada de guardas municipais, deu ordem de prisão ao falso profissional, que saiu da unidade hospitalar algemado pela Polícia Civil. Porém, no dia seguinte, ele foi solto em uma audiência de custódia.
*** Informações com ➡ G1 Ceará
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