A presença da nova subvariante ômicron BQ.1 do coronavírus em estados brasileiros reacende a preocupação sobre a Covid no Ceará. O Estado ainda não tem registro de casos, mas a futura chegada da mutação é dada como certa por especialistas.
Fatores como a quadra chuvosa e a grande quantidade de pessoas com esquema vacinal ainda incompleto podem favorecer a disseminação da BQ.1 nas cidades cearenses, como explica o infectologista Keny Colares.
A chegada dessa variante é quase certa. A grande questão é qual o tamanho do problema que ela pode causar. Se as pessoas estiverem bem imunizadas, já é um passo pra que cause doença mais leve, sem tantos internamentos.
O Ceará tem registrado, desde outubro, uma média de 50 casos de Covid por semana. Entre os dias 2 daquele mês e 4 de novembro, houve duas mortes pela doença. Os dados são do Integra SUS, plataforma da Secretaria da Saúde (Sesa).
RISCOS DE NOVA ONDA
“Além de diversas pessoas não terem tomado a D4, seria importante que vacinas atualizadas sejam, num futuro próximo, introduzidas no nosso país. Importante também é conscientizar as pessoas de que, se estiverem com sintomas ou doentes, evitem sair de casa”, complementa.
CEARÁ TEM LEVE AUMENTO DE CASOS DE COVID
O número de testes positivos para Covid-19 no Ceará tem aumentado nas últimas três semanas. Entre 16 e 22 de outubro, 49 pessoas testaram positivo para o coronavírus, número que subiu para 61 na semana seguinte e para 82 na última semana. Os dados são do Integra SUS, da Secretaria da Saúde (Sesa).
Nos primeiros 7 dias de outubro, a positividade dos exames no Ceará estava em 1,8%, mas subiu progressivamente ao longo das semanas e, entre 30 de outubro e 5 de novembro, atingiu 7%.
“Os indicadores das 2 últimas semanas ainda estão incompletos, mas já é possível notar aumento. Ouvimos colegas começando a referir que estão doentes ou têm familiares doentes, e essas são as primeiras observações de que está chegando uma nova onda, nos próximos meses. Não sabemos o tamanho e as consequências”, frisa.
O médico infectologista Keny Colares destaca que a chegada da quadra chuvosa, cuja pré-estação já inicia no Ceará em dezembro, pode ser um agravante e facilitador para a possível disseminação da ômicron BQ.1, uma vez que favorece doenças respiratórias.
Keny reforça a importância de todos manterem o esquema vacinal completo e relembra que “se houver uma nova onda de Covid, temos que aumentar a proteção, com uso de máscara e algumas restrições – mas provavelmente nada tão drástico como em 2020 e 2021”.
VACINA DA COVID PROTEGE CONTRA NOVA SUBVARIANTE DA ÔMICRON?
Fábio Miyajima explica que a BQ.1 é mais uma sublinhagem da Ômicron BA.5, que foi responsável pela 4ª onda de Covid, neste ano. A BQ.1, porém, tem mutações adicionais, que podem gerar alta de casos.
O infectologista Keny Colares explica que o que se sabe, por enquanto, é que a subvariante BQ.1 “tem a capacidade de escapar um pouco mais da imunidade da vacina ou de infecção prévia”, ou seja, mesmo quem já se vacinou ou já pegou Covid por estar suscetível.
No Ceará, a vacinação contra a Covid está liberada sem agendamento para quem tiver qualquer dose atrasada. Podem se vacinar crianças de 3 a 11 anos, adolescentes de 12 a 17 anos e adultos em geral.
O infectologista Keny Colares afirma que “não está claro se ela causa doença diferente, mais ou menos grave” do que as subvariantes da Ômicron já conhecidas. “Por enquanto, as informações são que de seria uma doença semelhante”, complementa.
Fábio Miyajima, coordenador de Vigilância Genômica da Fiocruz Ceará, pontua que ainda não é possível afirmar mais concretamente quais sintomas a BQ.1 pode causar nos pacientes infectados.
“No geral, as subvariantes Ômicron têm tido um padrão de maior transmissibilidade, provável carga viral também, mas, ao mesmo tempo, sintomas mais moderados”, descreve o pesquisador, especialista em saúde pública. “Teremos que monitorar”, conclui.
Os principais sintomas de Covid-19 causada pela variante Ômicron, atualizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em abril deste ano, são:
- Dor de garganta;
- Dor de cabeça;
- Coriza (nariz escorrendo);
- Tosse;
- Febre;
- Dor no corpo.
Ao contrário das outras cepas da doença, os sintomas da ômicron costumam ser mais leves, já que a variante tem uma reprodução mais rápida nas vias aéreas, poupando a região do pulmão – característica também associada à proteção vacinal.
Desde fevereiro deste ano, todas as amostras de cearenses infectados sequenciadas pela Fiocruz dão positivo para Ômicron, com predomínio das subvariantes BA.1 e BA.5.
*** Informações com ➡ Diário do Nordeste
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