A legislação prevê que armas de airsoft só podem ser adquiridas por maiores de 18 anos e são indicada para a prática de tiro desportivo. As crianças praticaram testes da atividade e chegaram a receber certificados. Também houve um pódio, para premiar primeiro, segundo e terceiro lugares.
Em território nacional, o esporte é regulamentado pelo Exército Brasileiro. Uma portaria dita as regras para o uso dos equipamentos. É preciso, por exemplo, ter nota fiscal que comprove a legalidade da arma. Também é necessário que os itens tenham “marcação na extremidade do cano [de tiro], na cor laranja fluorescente ou vermelho vivo”.
As armas airsoft são réplicas de armas reais. Geralmente, são pistolas e rifles com ação de mola ou gás e funcionam como armas de pressão que disparam projéteis plásticos. A munição são bolinhas de plástico: projéteis de 6 ou 8 milímetros.
Apesar de não ter poder letal, o disparo de uma arma de airsoft é potente e pode machucar. Dessa forma, é recomendado o uso de equipamentos de segurança, como óculos de proteção.
Segundo o médico psiquiatra Fábio Aurélio Costa Leite, atividades envolvendo armas, mesmo que de brinquedo ou de pressão, podem gerar reflexos a longo prazo. “Os pais precisam saber quais são estímulos que as crianças podem receber. É por isso que temos toda a preocupação com a internet, como a pornografia, por exemplo. Crianças e adolescentes são extremamente influenciáveis. Não conseguem ter noção do perigo que manusear uma arma pode ter. Às vezes, uma arma de brinquedo pode não ser interpretada como algo extremamente perigoso e letal. Em uma brincadeira, a criança que sabe atirar pode simplesmente machucar um colega por não ter noção de realidade. Pode fazer algo que não estava previsto. Simplesmente por uma brincadeira, que é natural”, ressaltou.
“É importante que a criança não tenha familiaridade com armas nessa idade. A familiaridade que a ela deve ter é com outro tipo de estímulo, como o esporte, leitura, música e arte. São coisas que vão ajudar a organizar conceitos abstratos. Não existe trabalho cientifico que indique que é benéfico criança fazer curso de tiro”, completou.
Nota divulgada
Após a repercussão do caso, o clube de tiro publicou nota afirmando que o Instagram removeu as fotos do perfil na rede social, por considerar conteúdo que incita a violência. “Para esclarecer postagens equivocadas, por falta de conhecimento: o próprio Instagram apagou nossa postagem do evento. Não foi apagado por nós. Decerto, em breve, após estudo do ocorrido, o Instagram volte atrás e retorne com a publicação”, escreveram os responsáveis pela conta.
Na nota, o grupo afirmou ser uma “empresa totalmente idônea, a qual exerce atividade voltada para a prática de tiro esportivo, com uma estrutura extremamente moderna e segura aos usuários, que preza pela lisura de atividades, respeitando todas as normas jurídicas para esse mister, e, assim, busca excelência e segurança no atendimento de clientes”.
O texto acrescenta que o clube preza pela segurança dos atiradores esportivos e cumpre “à risca” a legislação que regula as entidades de tiro esportivo, não permitindo o exercício da atividade por “pessoas inabilitadas” nas dependências da empresa.
(..) “Recentemente, no dia 1/4/2023, foi realizado, nas dependências do Clube Hunter, um evento recreativo para crianças e adolescentes, onde os pais dos menores fizeram as respectivas inscrições dos filhos, bem como assinaram termo de autorização. O referido evento consistia em um curso de tiro esportivo e manuseio de arma airsoft (arma de pressão), o que não se confunde com arma de fogo ou simulacro, realizado por instrutores de tiro totalmente habilitados, valendo-se de EPIs [equipamentos de proteção individual] para todos os envolvidos, bem como na presença dos pais. A intenção do evento foi ensinar o manuseio do airsoft, sobretudo para demonstrar que mesmo a arma de brinquedo tem regras de utilização que devem ser respeitadas, sobretudo para evitar acidentes envolvendo menores, o que possível de acontecer com qualquer objeto, inclusive, aqueles de uso doméstico.”
A empresa completa: “A legislação brasileira não traz nenhuma vedação para o curso que foi ministrado, sobretudo porque todos os responsáveis legais (pais) estavam presentes ao evento. Ademais, a comercialização de airsoft é totalmente legalizada a maiores de 18 anos, sendo que, no referido curso, não houve nenhuma comercialização aos menores”.
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*** Informações com ➡ Metrópoles
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