Capitalismo pornô: jovem universitária que vende fotos e vídeos no Twitter e o surgimento do chamado capitalismo farmacopornográfico

SINISTRO E CÔMICO

(…) O corpo autopornográfico emergiu inesperadamente como uma nova força da economia mundial. O recente acesso de populações relativamente empobrecidas aos meios técnicos de produção de ciberpornografia sabotou, pela primeira vez, um monopólio até então controlado pelas grandes multinacionais de pornô”
Paul Preciado in Testo Junkie 

Para analisar o capitalismo pós-fordista, o filósofo espanhol Paul Preciado cunha o termo farmacopornografia, que consiste em agregar alguns indicadores “do surgimento de um capitalismo pós-industrial, global e midiático que a partir de agora chamarei farmacopornográfico. O termo se refere aos processos de governo biomolecular (fármaco-) e semiótico técnico (-pornô) da subjetividade sexual, dos quais a pílula e a Playboy são dois resultados paradigmáticos”.

Após uma extensa análise sobre o surgimento do chamado capitalismo farmacopornográfico, Preciado, a partir da possibilidade do compartilhamento de vídeos sexuais/conteúdo adulto (vida e prazer íntimos que se tornam públicos) por qualquer pessoa em posse de um dispositivo eletrônico (notebook, tablets e celulares), atenta para aquilo que ele vai chamar de produção ciberpornográfica e corpo autopornográfico.

A novidade não está no fato de compartilhamento daquilo que é entendido pelos valores modernos como “vida privada”, mas sim na questão que as novas plataformas digitais permitem a qualquer pessoa vender momentos de masturbação, banho, ereção, ejaculação etc. Dessa maneira, a economia pornô ganha outros aspectos e passa a movimentar bilhões de dólares (mas também em outras moedas) no mercado digital, mas já não se se trata de indústria verticalizada, ela é horizontal e espalhada.

Hoje, as principais plataformas de comercialização de conteúdo adulto são o Twitter (por meio dos packs de fotos e vídeos), OnlyFans que, de longe, é o mais popular, e o Privacy, que possui um funcionamento semelhante ao do Only: os produtores montam canais e oferecem assinaturas para que os usuários cadastrados comprem.

Novinha Cachorra 

Novinha Cachorra/Isadora Lunar é o nick name para uma universitária do Rio Grande do Norte que produz e comercializa conteúdo para adultos.

Além de postar vídeos e fotos no site Onnow Play, Novinha Cachorra também comercializa packs pelo seu perfil no Twitter. Ela topou conversar com a Fórum e falar um pouco da sua vida de produtora de conteúdo adulto.

À reportagem, Novinha Cachorra revela que começou a produzir conteúdo em 2019. “Sempre usei o Twitter como entretenimento, principalmente envolvendo conteúdo adulto. Comecei a ver garotas vendendo seus packs, e, inspirada, senti vontade de fazer o mesmo. Desde então produzo esse tipo de conteúdo.”

Historicamente, as pessoas que atuam na produção de conteúdo adulto são alvos do falso moralismo e de preconceitos. Diante disso, muito optam por manter tal trabalho em sigilo. É o caso da nossa entrevistada. “Ninguém do meu círculo social sabe. É fácil esconder pois não mostro o rosto em meu conteúdo. Prefiro preservar minha imagem, já que sou universitária e pretendo seguir carreira no magistério”, diz Novinha Cachorra.

Um negócio bilionário
A plataforma de assinatura de conteúdo adulto OnlyFans foi fundada em 2016 pelo empresário ucraniano-americano Leonid Radvinsky. Dados divulgados pela empresa, no segundo semestre de 2022, revelaram lucro de R$ 2,61 bilhões (US$ 500 milhões).

Os cerca de 2,1 milhões de criadores de conteúdo cadastrados na plataforma faturaram, em 2022, cerca de R$ 21 bilhões (US$ 4,8 bilhões), de acordo com dados da própria plataforma.

Um dos atrativos do Only Fans é que os produtores de conteúdo ficam com 80% de seus respectivos lucros. Os 20% restantes ficam com a plataforma.

Considerada a maior empresa de novas tecnologias, hoje, o OnlyFans tem mais de 180 milhões de “fãs” registrados que podem comprar os conteúdos.

A movimentação bilionária que o OnlyFans e outras plataformas promovem a partir da circulação e produção de imagens pornográficas nos remete novamente para o filósofo Paulo Preciado que, a partir da excitação-frustração, busca entender o tipo de capitalismo que se forma na contemporaneidade.

(…) Somos confrontados com um novo tipo de capitalismo: quente, psicotrópico e punk. Essas transformações recentes impõem um conjunto de dispositivos microprotéticos de controle de subjetividade por meio de novos protocolos técnicos biomoleculares e multimídia. Nossa economia mundial depende da produção e circulação interconectada de centenas de toneladas de esteroides sintéticos e órgãos, fluídos e células tecnicamente modificadas; depende da difusão global de um fluxo de imagens pornográficas, analisa Preciado em seu livro “Texto Junkie”.

Only Smorphing 

Que tais plataformas geram dinheiro para os proprietários e para os produtores de conteúdo, não há dúvidas. Mas será que todos eles conseguem viver apenas do dinheiro gerado a partir destes sites?

Novinha Cachorra afirma que a produção e venda de conteúdo adulto, neste momento, é a sua principal fonte de renda. “Consigo pagar aluguel, comprar comida, comer fora às vezes. Enfim, consigo tirar uma grana que dar para sobreviver. Lembrando que sobreviver não é justo, viver sim.”

A coisa é um pouco diferente para o nosso outro entrevistado, que produz e comercializa conteúdo adulto no OnlyFans e é conhecido pela alcunha de Smorphing. “Não é minha principal fonte de renda nem a única, eu sou graduado e também trabalho em outras áreas totalmente diferentes”, diz Smorphing à Fórum.

Smorphing é um rapaz que vive em São Paulo e que possui um perfil muito popular no OnlyFans. Também produz e comercializa conteúdo adulto no Câmera Privê, Twitter, Sex.com, WhatsApp e por meio de um site pessoal.

“Faz mais ou menos 2 anos e meio [que eu comecei a produzir conteúdo adulto]. Eu já tinha vontade. Na época fiz uma aposta no meu próprio Twitter: se o Felipe Prior fosse eliminado do BBB 20, eu abriria minha conta no site do OnlyFans, ele saiu, eu abri”, revela Smorphing.

Diferente de Novinha Cachorra, todos do círculo social de Smorphing sabem de sua produção de conteúdo adulto. “Sim, todos sabem, eu acredito que pra ter sucesso é preciso uma boa divulgação, e não tem como divulgar escondido das pessoas; eu costumo sofrer preconceito apenas de pessoas que não me conhecem, anônimos das redes sociais”, conta.

Perspectiva dos criadores 

Também perguntamos para Novinha Cachorra e Smorphing se eles passaram a refletir de outra maneira sobre si a partir do momento em que iniciaram a produção de conteúdo adulto.

“Mudou. Me fez entender que o sexo tem grande poder de influência sobre a sociedade, e isso me preocupa”, analisa Novinha Cachorra.

Por sua vez, Smorphing diz que nada mudou. “Para mim isso não impactou em nada. Eu sou extremamente cabeça aberta com isso, e não mudou minha forma de pensar sobre a vida”, afirma.

Popularização de aplicativos X indústria pornográfica 

Desde a ascensão da internet os estúdios que antes monopolizavam a produção pornográfica passam por uma enorme crise e, da maneira como a conhecíamos, simplesmente não existem mais.

Na primeira etapa da internet, sites como Xvídeos e PornHub se tornaram muito populares no começo dos anos 2000, principalmente pelo fato de dar espaço às produções caseiras. Ainda assim, boa parte dos conteúdos eram produzidos na estética formal da conhecida indústria pornô.

Com a chegada e ascensão de sites como o OnlyFans, vivenciamos uma outra etapa da produção de conteúdo adulto, que passa a ser produzida por qualquer usuário que disponha de aparelhos e uma boa internet. Mas por que será que estes espaços se tornaram tão populares nos últimos dois anos?

“Sem dúvidas pela democratização da internet, a possibilidade de se ganhar grana fácil e rápido, e o grande público que a pornografia online possui”, analisa Novinha Cachorra.

Para Smorphing, a participação de pessoas famosas nesse ramo do mercado tem ajudado a torná-lo mais popular. “Eu acho que a participação de pessoas famosas tem ajudado a popularizar esse tipo de serviço, a ‘facilidade’ que as plataformas dispõem de criar, postar e receber, e, claro, a nova geração está cag*ndo e andando para a opinião de terceiros”, diz.

No entanto, Smorphing atenta para o fato de que não se pode “confundir quem apenas produz pra se aventurar e quem realmente encara isso como um ganha-pão. Muita gente entra na onda apenas pelo hype ou para poder fazer aquilo que já fazia em outras redes, postar suas fotos sensuais”, finaliza.

*** Informações com ➡ Revista Fórum 

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