Para salvar Terra e Paixão, Walcyr Carrasco vai ter que fazer soja virar feijão

ENTRETENIMENTO

A soja se transformou na metáfora perfeita para a primeira parte de Terra e Paixão. Ilustre desconhecido, o grão só entra na casa dos brasileiros graças a um óleo cuja principal propriedade faz jus aos primeiros meses da novela das nove: não ter sabor algum. Não à toa, Walcyr Carrasco resolveu acrescentar mais alguns ingredientes a esse refogado –para ver se finalmente a trama dá caldo igual a feijão.

Mais do que uma história que roda em torno do mesmo eixo durante capítulos a fio, o autor derrapou ao acreditar que o público leria da mesma maneira o agronegócio e a agricultura familiar. Um dos principais erros é a falta de terra nas unhas de Aline (Barbara Reis), que quer plantar e colher ainda que dificilmente suba até em um trator.

O produto da agricultura familiar não é só o alimento, mas ainda o próprio trabalho. Por mais que o ofício no campo tenha evoluído consideravelmente, o imaginário segue o de remexer a terra, de produzir, de se sujar. E, desse suor, entregar aquilo que nutre –seja a comida na mesa ou o afeto que agrega a família em torno daquela pequena propriedade.

O agronegócio, por sua vez, é mais ligado à imagem do dinheiro e do latifúndio. Fica difícil vender Aline como uma mulher humilde, capaz de enfrentar poderosos como Antônio La Selva (Tony Ramos), quando o produto anterior da Globo reforça um imaginário contrário.

O Jornal Nacional frequentemente mostra caminhões cheios de soja sendo levados até os portos para exportação, comprados sobretudo pela China, para fabricação de ração. A própria novela fala o tempo inteiro de cotação, bolsa de Chicago, trading. O público tem dificuldade em perceber Aline como alguém que não faz parte desse mundo.

Mão na massa
Walcyr curiosamente já foi muito bem-sucedido em criar protagonistas que se davam bem financeiramente, mas não ficavam distantes da realidade da maior parte do público. Maria da Paz (Juliana Paes) em A Dona do Pedaço (2019) tinha uma rede de lojas, mas colocava a mão na massa para fazer bolos. Ana Francisca (Mariana Ximenes) também foi para o fogão quando perdeu sua fábrica em Chocolate de Pimentas (2003).

A cultura brasileira é muito ligada à ideia de que o trabalho dignifica, até porque um país educado por jesuítas há cinco séculos não vai escapar de tais valores. Aline neste ponto da história não vai para o meio da plantação, já que conta com Jonatas (Paulo Lessa); também não dá aulas de Matemática, embora seja professora. Perde-se num limbo.

Capim dourado
Walcyr também sabe trabalhar com um quadro em branco, a exemplo do capim dourado e das esmeraldas de O Outro Lado do Paraíso (2019). O público desconhecia ambos os produtos mais intimamente, mas aprovava as mãos de Raquel (Érika Januza) –seja trançando o capim para fazer cestos ou limpando casas para pagar a faculdade de Direito.

Da mesma maneira, Clara (Bianca Bin) não era apenas herdeira das minas que estavam nas terras de Josafá (Lima Duarte). Ela recusava a riqueza fácil e dava aulas para as crianças do quilombo.

Pista na abertura
O agronegócio já se apresenta como um problema para Walcyr na abertura, em que Aline e o seu par romântico não se transformam em um pé de soja. Afinal, o imaginário não compreende o grão como algo capaz de nutrir. Ela vira uma árvore, a qual pode vir a dar frutos –mais uma vez na oposição entre a fruta como alimento e commodities como dinheiro.

Um exercício simples pode ajudar a destravar essa percepção: duas mãos que vão ao fundo de um saco de soja e voltam com grãos prenunciam ganhos financeiros. E com o feijão? Alimento, comida, festa. Não à toa, Walcyr desfez o novelo de Terra e Paixão com uma série de mortes, reviravoltas e segredos –porque ele, mais do que ninguém, sabe bem como funciona o bom e velho feijão com arroz.

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