A Polícia Federal investiga se o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, desempenhou um papel de ligação entre o ex-mandatário e os golpistas acampados em frente aos quartéis do Exército, que pediam uma intervenção militar após a eleição do presidente Lula (PT), informa o jornal O Globo. Essa investigação se baseia no depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que fez um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo o relato de Cid à Polícia Federal, Braga Netto costumava informar Bolsonaro sobre o desenvolvimento das manifestações antidemocráticas e atuava como intermediário entre ele e os participantes dos acampamentos.
Uma reportagem do site Metrópoles, publicada em novembro do ano passado, mostrou fotografias de pessoas acampadas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, que frequentavam a casa que servia como comitê de campanha da chapa Bolsonaro-Braga Netto. Na época, Braga Netto estava trabalhando nesse local como ex-ministro da Defesa. As investigações apontam que os acampamentos foram o centro dos ataques ocorridos em 8 de janeiro, quando uma multidão invadiu e danificou as sedes dos Três Poderes. Em 18 de novembro, na mesma semana em que os manifestantes foram vistos no comitê de campanha de Bolsonaro em Brasília, Braga Netto saiu para cumprimentar apoiadores e tirar fotos em frente à residência oficial após visitar o ex-mandatário. Nesse momento, o militar pediu a eles para “não perderem a fé”. “Presidente está bem, está recebendo gente. Vocês não percam a fé, tá bom?! É só o que eu posso falar agora”.
Para verificar o conteúdo do depoimento de Cid, os investigadores estão rastreando todas as reuniões que ocorreram entre Bolsonaro, Braga Netto e membros das Forças Armadas no final de 2022. Uma das fontes de informações sendo analisadas são os registros confidenciais da agenda de Bolsonaro, que eram mantidos pela Ajudância de Ordens da Presidência. A maior parte desses encontros aconteceu no Palácio da Alvorada, onde o ex-chefe do Executivo se recolheu após a derrota para Lula nas eleições.
Os dados provenientes dessas agendas secretas de Bolsonaro revelam que Braga Netto esteve presente no Alvorada em pelo menos quatro ocasiões distintas. No dia 14 de novembro, o general da reserva participou de uma reunião que incluía os comandantes das Forças Armadas, bem como os ministros da Defesa na época, Paulo Sérgio Nogueira, e da Justiça, Anderson Torres.
Quando questionado sobre as alegações de Cid, Braga Netto, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que não tem conhecimento do conteúdo da delação e, portanto, não pode fazer comentários sobre um processo sigiloso.
*** Informações com ➡ Brasil 247
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