Bombardeio atinge hospital em Gaza e mata centenas de pessoas, diz Ministério da Saúde local

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Um bombardeio matou centenas de pessoas em um hospital na Faixa de Gaza nesta terça-feira (17), segundo o Ministério da Saúde local (veja mais no vídeo acima). O órgão é subordinado ao grupo terrorista Hamas, que controla esse território palestino desde 2007.

  • O Hamas disse que partiu de Israel o ataque contra o hospital Ahli Arab. Localizado na cidade de Gaza, o edifício atendia pacientes e abrigava muitos civis que não tinham onde dormir (veja mapa ao final desta reportagem).
  • As Forças de Defesa israelenses, no entanto, alegaram que a explosão foi causada por um foguete lançado pela Jihad Islâmica, grupo terrorista ligado ao Hamas. Segundo essa versão, o alvo original do disparo seria o território de Israel, mas o artefato acabou atingindo o hospital.
  • A Jihad Islâmica, por sua vez, negou ser responsável pela ação.

Ao longo do dia, o Ministério da Saúde de Gaza chegou a falar em 500 mortos, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia um consenso sobre o número de vítimas.

  • Inicialmente, o órgão publicou um comunicado afirmando que 200 pessoas tinham morrido no bombardeio.
  • Em um segundo momento, o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qidra, deu entrevista a uma TV e disse que o total de vítimas chegava a 500.
  • Já um porta-voz da Defesa Civil de Gaza afirmou que havia 300 mortos. O chefe do órgão disse que as equipes ficaram sobrecarregadas e não conseguiram atender adequadamente aos chamados de emergência.
  • Posteriormente, o Ministério da Saúde de Gaza informou, no Telegram, que havia centenas de pessoas mortas, e não 500.

Tanto o Ministério de Saúde quanto a Defesa Civil de Gaza são controlados pelo Hamas. Em nota, o grupo terrorista citou centenas de vítimas sob os escombros. O hospital Ahli Arab é administrado pela Igreja Anglicana e, no sábado (14), já tinha sido atingido por foguetes.

Países e autoridades árabes condenaram o bombardeio desta terça: o Irã, por exemplo, falou em “crime de guerra selvagem”; a Autoridade Nacional Palestina citou “genocídio” e “catástrofe humanitária”; e o Egito definiu o ataque como “uma violação perigosa do Direito Internacional Humanitário”. Atacar hospitais é crime de guerra, segundo o direito internacional.

Houve relatos de que os invasores mataram pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses, levados como reféns para Gaza.

As forças de Israel não estavam preparadas para responder, de imediato, ao ataque. No mesmo dia, o governo local declarou guerra ao Hamas. Desde então, morreram 1,4 mil pessoas em Israel e cerca de 3 mil na Faixa de Gaza, território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.

Segundo o governo israelense, o hospital foi atingido depois que um foguete foi disparado da Faixa de Gaza em direção a Israel.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelas Forças de Defesa de Israel:

“A partir da análise dos sistemas operacionais das Forças de Defesa de Israel, foi lançada uma barragem de foguetes inimigos em direção a Israel que passou nas proximidades do hospital, quando este foi atingido. De acordo com informações de inteligência, de diversas fontes de que dispomos, a organização Jihad Islâmica Palestina (JIP) é responsável pelo lançamento fracassado que atingiu o hospital”.

Numa entrevista coletiva pela internet, um porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse que o foguete que atingiu o hospital, pela forma como explodiu, não poderia fazer parte do arsenal de Israel e que, no momento do ataque, não havia nenhuma operação militar israelense em curso com alvos naquela região.

As forças israelenses divulgaram imagens em que um ponto de luz — que seria um foguete da Jihad Islâmica — perde altitude repentinamente.

Segundo Israel, o foguete falha, cai e explode às 18h59, na hora local. Ainda segundo as forças israelenses, foi no mesmo momento em que o hospital era atingido.

O que é a Jihad Islâmica

Ligada ao Hamas, a Jihad Islâmica foi fundada na década de 1980, no Egito, por estudantes universitários de Gaza. É considerado um grupo terrorista também por Estados Unidos, União Europeia e Israel.

Ao longo do tempo, assumiu ataques suicidas e terroristas e não reconhecem a existência do Estado Israelense. No ataque do dia 7 de outubro, uniu-se à ação do Hamas.

Autoridade Palestina decreta luto

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto pelo ataque ao hospital. Para a Autoridade Palestina, o ataque ao hospital foi um massacre.

A Autoridade Palestina é um grupo adversário do Hamas e não tem poder político na Faixa de Gaza.

Abbas tinha planos para se encontrar com o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, na quarta-feira. No entanto, ele cancelou essa reunião e afirmou que vai voltar para a cidade de Ramallah, na Cisjordânia.

Hamas x Israel: entenda o conflito

Como foi começou o conflito? As ações do Hamas em 7 de outubro se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou 5 mil foguetes. Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país. Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.

 Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação. “Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.” Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.

 O que é A Faixa de Gaza? Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km². Para se ter uma ideia desse tamanho em comparação com cidades brasileiras, o território é um pouco maior que o da cidade de Fortaleza (312,4 km²) e menor que o de Curitiba (434,8 km²). Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.

 Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.

*** Informações com ➡ G1

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