Uma vitória da diplomacia do Governo do Presidente Lula: Brasileiros presos na Faixa de Gaza conseguem chegar ao Egito neste domingo (12).

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Por Igor Gielow (Folha de S.Paulo)

Dois dias depois de terem sido autorizados a deixar a Faixa de Gaza rumo ao Egito, os 32 brasileiros e palestinos inscritos para repatriação pelo Itamaraty enfim conseguiram sair do território sob ataque de Israel neste domingo (12/11/2023). Duas pessoas que constavam da lista original, de 34 nomes, decidiram permanecer em Gaza.

O grupo estava retido porque a fronteira foi fechada na sexta (10), permanecendo assim no sábado (11). Agora, eles serão atendidos por equipe com médico, enfermeiro e psicólogo enviada pelo Brasil em um avião VC-2, a versão operada pela Força Aérea para a Presidência do Embraer-190.

Eles deverão pegar um ônibus por cinco horas para o Cairo, onde a aeronave estava, ou farão uma viagem mais curta para a base de Al Arish, onde o VC-2 está autorizado para pousar. De um dos pontos, irão para Roma, Las Palmas, Recife e, enfim, Brasília.

O Egito havia dado a autorização para a saída, que é coordenada com Tel Aviv e sob consulta dos EUA e do Qatar, mediadores do acordo de passagem de estrangeiros, na sexta. O grupo foi incluído numa leva de quase 600 pessoas autorizadas.

Mas incidentes envolvendo ambulâncias levando feridos graves palestinos, cuja saída é prioritária para tratamento no Egito, fecharam novamente o posto de Rafah. Nesta sexta, houve a suspeita de que motoristas de veículos eram terroristas do Hamas tentando deixar Gaza, além de relatos de combates intensos que impediram a saída de pacientes da capital homônima da faixa.

Nos sábado, o isolamento do principal hospital da capital homônima da faixa, o Al Shifa, impediu que qualquer veículo chegasse a Rafah.

Atender primeiro os feridos é precondição dos egípcios autorizaresm a abertura dos portões em Rafah —que levam à cidade homônima no país árabe. O grupo palestino, que disparou a atual guerra com o ataque de 7 de outubro a Israel, administra a faixa desde 2007.

A frustração entre os brasileiros foi grande, até devido ao vaivém das chances de deixar Gaza, mas ao menos a autorização estava dada. Foram seis levas de permissões para estrangeiros até que chegasse a vez dos brasileiros, que são 24 cidadãos natos, 7 palestinos em processo de imigração e 3 parentes deles.

A demora levou a insinuações de que Israel estaria vetando o Brasil para retaliar contra a condução do país de discussões sobre a guerra no Conselho de Segurança da ONU, que presidiu em outubro.

Não há evidências disso, mas o azedume entre Brasília e Tel Aviv é maior, incluindo o encontro do embaixador israelense com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atrito entre a Polícia Federal e o serviço secreto Mossad acerca da operação que desarticulou ataques do Hezbollah libanês no Brasil.

Nesta semana, a Embaixada de Israel em Brasília rebateu as alegações, e foi numa conversa entre o chanceler Eli Cohen e o seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira, que foi anunciada a entrada do grupo do Itamaraty na lista de autorizações emitida pelo Egito.

Ao todo, cerca de 4.000 pessoas com passaporte estrangeiro ou dupla nacionalidade já tiveram a autorização para deixar Gaza desde o dia 1º, mas nem todas conseguiram sair devido à inconstância fronteiriça. Ao todo, cerca de 7.500 terão esse direito, o maior contingente sendo americano (1.200 pessoas).

A guerra na região teve 1.200 mortos, em números revisados nesta sexta, do lado de Israel, e cerca de 11 mil em Gaza, nas contas do Hamas.

A degradação da qualidade de vida em Rafah e Khan Yunis, onde os brasileiros estavam depois de terem sido evacuado da cidade de Gaza, era grande. Faltava tudo, de água a diesel para geradores, passando por alimentos e remédios. O Itamaraty custeou a estadia e os gastos das famílias.

Antes deles, 1.410 brasileiros haviam sido retirados de Israel e 32, da Cisjordânia. Foi a maior operação de evacuação de zonas de guerra operada pela Força Aérea na história, mas o drama dos futuros refugiados de Gaza foi mais estático, arrastando-se por quase todo o conflito até aqui.

Coordenaram os esforços os embaixadores Alessandro Candeas (Cijsordânia), Frederico Meyer (Israel) e Paulino Franco Neto (Egito). Uma equipe da representação no Cairo passou a noite em Al Arish à espera das notícias sobre os brasileiros na fronteira.

Uma vez no Brasil, aqueles refugiados que não têm família no país poderão ficar em abrigos que o Ministério do Desenvolvimento Social já reservou, em São Paulo. Alguns parentes que não eram elegíveis ou não fizeram pedido a tempo para sair de Gaza poderão ser objeto de uma segunda leva de repatriação eventual.

*** Informações com ➡ Folha de S.Paulo

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