Por: Afrânio Soares (Aconteceu Ipu)
As eleições de 06 de outubro de 2024 em Ipu, no Ceará e seus “rescaldo de cinzas”, marcaram um momento de intensa disputa política e um cenário de clara divisão entre os eleitores. Com Milena Damasceno derrotando Sérgio Rufino por uma pequena margem de votos, o pleito trouxe à tona questões significativas sobre a condução da política local e os desafios que a nova prefeita enfrentará em um município com eleitores visivelmente divididos.
A Vitória de Milena Damasceno
Após a apuração das 117 urnas distribuídas em todo o município, Milena Damasceno foi declarada vencedora com 14.519 votos, o que representou 51,97% dos votos válidos, enquanto seu oponente, Sérgio Rufino, obteve 13.417 votos, correspondendo a 48,03%. Embora a diferença tenha sido de apenas 1.102 votos, a eleição foi marcada por uma vitória consolidada de Milena em 73 das 117 urnas.
Além disso, dois locais de votação terminaram em empate, destacando o quanto a disputa foi apertada. Em termos regionais, Milena teve uma vantagem expressiva na sede e na região de pé de serra, o que foi crucial para seu sucesso. No sertão, entretanto, Sérgio Rufino mostrou força, superando sua adversária por uma margem considerável.
A Importância da Abstenção e dos Votos Nulos
Um aspecto que merece atenção é o número de votos brancos, nulos e a abstenção, que somaram um total de 4.924 eleitores. Esse número expressivo de eleitores que decidiram não votar em nenhum dos dois candidatos ou preferiram se abster pode ser interpretado como uma sinalização de descontentamento. Quando quase cinco mil eleitores se distanciam do processo eleitoral, isso revela um cenário de descrédito na classe política ou a falta de opções convincentes para o eleitorado.
Historicamente, Ipu nunca havia registrado uma abstenção tão elevada, o que indica a necessidade de os candidatos e suas campanhas repensarem suas estratégias de comunicação e aproximação com o público.
Distribuição dos Votos por Região
A análise da distribuição dos votos revela padrões interessantes sobre o comportamento eleitoral nas diferentes regiões do município:
- Serra: Nesta região, a disputa foi equilibrada, com Milena recebendo 2.712 votos e Sérgio, 2.494. O número de votos brancos e nulos somou 295, destacando uma fatia considerável do eleitorado que optou por não se posicionar claramente.
- Sertão: Sérgio Rufino conseguiu uma vitória sobre Milena, obtendo 2.053 votos contra 1.876 da candidata vitoriosa. Contudo, o comparecimento às urnas no sertão foi relativamente baixo, sugerindo que, apesar da vitória nesta área, Sérgio não conseguiu atrair eleitores suficientes para compensar sua derrota em outras regiões.
- Pé de Serra: Milena Damasceno obteve uma vantagem expressiva nesta área, com 1.616 votos contra 1.191 de Sérgio. Esse resultado foi decisivo para sua vitória, demonstrando o quanto as bases eleitorais de Milena estavam firmemente estabelecidas.
- Sede: Representando o maior contingente eleitoral, a sede foi o grande trunfo de Milena. Ela obteve 8.315 votos contra 7.679 de Sérgio, o que consolidou sua vitória. A preferência pela mudança de liderança na sede pode ser vista como um reflexo do desgaste da atual gestão de Robério Rufino, uma questão a ser analisada com maior profundidade.
A Rejeição ao Projeto de Sérgio Rufino
Apesar de ter sido um candidato competitivo, Sérgio Rufino (PSB-40) não conseguiu conquistar o apoio majoritário do eleitorado ipuense. A derrota sugere que a gestão do atual prefeito, Robério Rufino, foi alvo de críticas severas, resultando em um desejo de mudança entre muitos eleitores, especialmente na sede do município. A rejeição de parte significativa da população a um possível continuísmo político, representado por Sérgio, sinaliza que erros administrativos ou desgastes acumulados durante a gestão atual pesaram no resultado final.
Reflexões e Desafios para o Futuro
A vitória de Milena Damasceno com seu time de líderes (Ex-prefeito Sávio Pontes, Lindberh Martins e Diego Carlos) marca o início de um novo ciclo político em Ipu, mas também coloca à frente da prefeita eleita o desafio de governar um município visivelmente dividido. Sua base de apoio, consolidada em algumas regiões estratégicas, especialmente na sede e pé de serra, será crucial para sua governabilidade. Entretanto, o fato de Sérgio Rufino ter obtido um número expressivo de votos no sertão e ter mostrado competitividade em várias urnas mostra que Milena precisará trabalhar para integrar todas as regiões do município e buscar um governo que una as diferentes forças políticas e sociais.
A eleição de 2024 em Ipu não foi apenas uma disputa entre candidatos, mas um reflexo das demandas por renovação e das falhas percebidas na administração anterior. Será necessário que a nova gestão seja sensível a esses sinais e promova um diálogo inclusivo, atendendo às expectativas de um eleitorado que, por ora, demonstra estar cansado de promessas vazias e de práticas políticas desgastadas.
Em última análise, a política em Ipu continua a ser competitiva e dinâmica, e cabe a Milena Damasceno a responsabilidade de corresponder às esperanças de mudança que a sua vitória representa.
** Dados do TRE – Click Aqui
** Postagem: Virginia Aragão Soares
(Direto da Redação do Aconteceu Ipu)
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