Mulher é morta a facadas no Ceará após deixar o filho na escola em Sobral

“Não sou obrigada a ficar contigo”

A frase dita por Leidiane antes de ser assassinada — “não sou obrigada a ficar contigo” — ecoa como um grito de resistência calado por um ato covarde. Testemunhas relataram que o agressor a abordou na rua e, ao ouvir a negativa, partiu para o ataque com uma faca em mãos.

Ela ainda chegou a ser socorrida e levada para a Santa Casa de Sobral, mas não resistiu aos ferimentos. A mãe de dois filhos — um adolescente de 13 e uma menina de apenas 6 anos — teve sua vida interrompida por um homem que se recusava a deixá-la viver livremente.

 Perseguição, ciúmes e ameaças constantes

De acordo com relatos da irmã, Ely Gomes, Leidiane sofria perseguição constante por parte do ex-companheiro. Ele fazia ameaças por telefone, redes sociais e até pessoalmente, afirmando que, se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém.

O relacionamento chegou ao fim após Leidiane pedir ao marido para trabalhar e dividir as responsabilidades da casa. Ele se recusou. E ela decidiu seguir sozinha. Mudou-se de Acaraú para Sobral, buscando proteção na casa da irmã. Mas o medo seguiu com ela.

 Crianças órfãs e um Estado que falha

O assassinato de Leidiane deixa duas crianças órfãs de mãe — e lança mais uma vez um alerta sobre a ineficácia da proteção às mulheres vítimas de violência. As ameaças eram conhecidas. A perseguição era constante. Mas, como em tantos outros casos, nada foi feito a tempo.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 6 horas no Brasil. No Ceará, os números também são alarmantes — e mostram que o problema vai muito além de estatísticas: está enraizado na cultura da posse e da impunidade.

Investigação e busca pelo autor

Após o crime, o suspeito fugiu e está sendo procurado pela Polícia Civil. O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sobral, que apura os antecedentes das ameaças e os possíveis registros de violência anterior.