Prefeitura no Ceará recebe suposta ameaças de facção criminosa por meio da ouvidoria e Polícia investiga

Gestores não se pronunciam; caso chega ao MP

O portal g1 tentou contato com o prefeito Francisco das Chagas Mendes, conhecido como “Meu Deus”, além de integrantes da cúpula da administração, incluindo procuradora-geral, controladora, chefe de gabinete e secretário de segurança. Nenhum deles respondeu aos pedidos de entrevista.

A Prefeitura, porém, formalizou denúncia junto ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio da procuradoria-geral, e registrou boletim de ocorrência junto à Polícia Civil. O caso está sendo investigado.

“Se continuar, vamos tocar o terror”, diz mensagem

O g1 teve acesso ao conteúdo das mensagens enviadas à Ouvidoria. Em tom direto e violento, os autores exigem o desligamento de supostos funcionários ligados à facção Comando Vermelho. Uma das ameaças diz:

“Se a Prefeitura continuar dando trampo para ** vermelho, a gente vai tocar o terror na cidade.”

Ministério Público e Polícia apuram o caso

O Ministério Público informou que já instaurou um procedimento na Promotoria de Justiça de Santana do Acaraú para acompanhar o caso. O MP também solicitou a abertura de inquérito policial à Delegacia de Polícia Civil. A corporação confirmou que um boletim foi registrado no dia 16 de abril, tratando de crime de ameaça ocorrido em 19 de março.

Prefeitura emite nota e nega ameaça direta ao prefeito

Em nota oficial, a Prefeitura esclareceu que as mensagens ameaçadoras foram recebidas pelo site institucional e que nenhuma delas foi direcionada pessoalmente ao prefeito ou a seus familiares. Mesmo assim, o Executivo afirmou que trata o episódio com “a devida seriedade” e que todas as providências cabíveis estão sendo tomadas em parceria com os órgãos de segurança.

Prefeito já havia citado relação com membros de facções

A tensão aumentou após declarações polêmicas feitas pelo prefeito em junho de 2024, durante entrevista à rádio Coqueiros FM, em Sobral. Na ocasião, Francisco das Chagas afirmou que a gestão empregava pessoas ligadas a facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Hoje estamos trabalhando com CV, com PCC… porque são humanos”, disse o prefeito, ao justificar a geração de empregos como ferramenta para reduzir a criminalidade.

A fala causou repercussão negativa e, dias depois, o gestor publicou uma nota afirmando que sua declaração foi tirada de contexto. Segundo ele, o objetivo era destacar ações de reintegração social e combate à violência por meio da inclusão.

Segurança pública no centro do debate

Francisco das Chagas argumentou que, ao empregar jovens antes marginalizados, sua gestão tem conseguido diminuir os índices de violência na cidade. Ele defende que “o bem venceu o mal” e que qualquer pessoa disposta a mudar de vida deve ter uma oportunidade de trabalho, independentemente de seu passado.