Crimes cibernéticos: “Adolescentes eram gravadas peladas e se mutilando ao vivo”: Jovem Revela Bastidores de um Mundo Virtual Sombrio

A entrevista, que foi concedida com a autorização da família e do sistema judiciário, revela como a jovem se envolveu com atividades criminosas online. Junto dela, três outros adolescentes também foram apreendidos por sua suposta participação no mesmo grupo.

“Comecei a jogar online e, aos poucos, fui atraída por pessoas que me ofereciam opções de ‘trabalho’ em servidores. Sem perceber, entrei em associações que não conhecia”, compartilhou a jovem, revelando sua conexão com o responsável pelo ato violento.

O Papel da Adolescente em um Mundo Criminoso

De acordo com seu depoimento, ela atuou como “gerente de dados” em um grupo que contava com mais de 3 mil membros, principalmente adolescentes. O líder do grupo, um homem de 25 anos identificado como Andrei, se destacou por sua influência e popularidade.

“Contávamos com eventos pagos onde as pessoas pagavam para assistir. O lucro era dividido entre o grupo, e muitas vezes usávamos cartões que havíamos roubado”, detalhou a adolescente sobre a natureza dos eventos que realizavam.

A Dinâmica da Violência e da Popularidade

A jovem também elucidou a hierarquia do grupo, onde aqueles que promoviam ou participavam de eventos violentos ganhavam notoriedade. “As pessoas têm medo dele. No início, não era bem vista, mas com o tempo o Andrei me tornou popular”, afirmou.

Ela admitiu ter feito parte de cerca de 300 transmissões ao vivo, onde a violência era comum, muitas vezes envolvendo garotas se automutilando, que ela filmava e enviava a Andrei.

Ameaças e Coação: Uma Realidade Perturbadora

Além das gravações, a jovem revelou que sua função também incluía ameaçar aquelas que não queriam se submeter às regras do grupo. “Eu usava os dados de suas mães para intimidá-las, dizendo que tinham 10 minutos para decidir ou enfrentariam graves consequências”, contou.

Em um momento de reflexão, a adolescente admitiu que, por vezes, sentiu-se encurralada pelo próprio grupo, com receios de que suas informações pessoais fossem divulgadas.

Problemas Pessoais e o Papel da Família

Ela também abordou questões de sua vida pessoal e como isso a levou à automutilação fora do ambiente virtual. “Minha relação com minha família era complicada e isso me fazia buscar escape em locais errados”, desabafou.
A jovem acredita que se tivesse recebido mais atenção dos pais em relação ao que acessava virtualmente, sua trajetória teria sido distinta. “Se meus pais tivessem monitorado meu uso do celular, eu teria ficado longe do Discord. Hoje, seria grata a isso”, concluiu, deixando um alerta sobre a necessidade de vigilância parental em um mundo digital cada vez mais perigoso