Novos casos suspeitos de gripe aviária colocam Ceará em estado de alerta

Sintomas alarmantes acenderam o sinal vermelho

Em Icapuí, a notificação foi feita pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), após a observação de uma ave com baixa mobilidade, longos períodos de inatividade e sinais de debilidade — indicativos comuns da influenza aviária. Já em Quixadá, os animais domésticos apresentavam secreção nasal e dificuldade para respirar, e muitos já estavam sem vida no momento da inspeção da Adagri, que realizou necropsias e coletou amostras para análise no Laboratório Federal.

Monitoramento ampliado em todo o Estado

A Adagri intensificou o trabalho de busca ativa em criações e áreas de rota migratória. Segundo Amorim Sobreira, diretor de Sanidade Animal da agência, 134 granjas, comerciais e não comerciais, estão sendo monitoradas. Mesmo aves que não apresentam sintomas estão sendo examinadas. “É um período crítico de migração, e as aves silvestres podem contaminar as criações locais”, explicou o gestor.

O que acontece se um caso for confirmado?

Se houver confirmação da gripe aviária no Ceará, a Adagri acionará um plano emergencial com medidas rigorosas:

• Eliminação de todas as aves na propriedade infectada;

• Destruição de aves em um raio de 3 km ao redor;

• Monitoramento intensivo em um raio de 10 km.

“O maior impacto é econômico. A doença se espalha rapidamente e causa alta mortalidade. É essencial agirmos em até 12 horas”, destacou Sobreira.

Aves migratórias não são vilãs, diz especialista

Onofre Monteiro, coordenador do projeto Aves Migratórias da Aquasis, alerta para o risco de estigmatizar as aves silvestres. “Elas fazem parte de um sistema ecológico natural e não devem ser vistas como ameaça. Pelo contrário, são essenciais para o monitoramento ambiental”, afirmou. Segundo ele, o foco deve estar em ações preventivas e na proteção dos habitats dessas espécies.

Prevenção começa nas granjas e nos quintais

Para evitar a entrada do vírus nas criações domésticas, a Adagri e o Ministério da Agricultura recomendam práticas básicas de biossegurança, como:

• Comprar aves apenas de criatórios registrados;

• Evitar adquirir animais em feiras livres;

• Isolar as aves de outros animais silvestres;

• Observar sinais como dificuldade para respirar, pescoço torto ou diarreia;

• Informar imediatamente qualquer suspeita às autoridades sanitárias.

Situação segue em observação

Enquanto aguardam os resultados das amostras enviadas ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), autoridades cearenses seguem em alerta. A gripe aviária, além de seus riscos à saúde animal, pode comprometer gravemente a economia local, sobretudo no setor de avicultura.