SÃO PAULO (Reuters) – O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao WhatsApp que adie para janeiro do ano que vem a adoção de uma ferramenta que permite a criação de mega grupos no aplicativo de mensagens, por temores de que seja utilizada para disseminar desinformação durante as eleições gerais de outubro.
“A medida tem como objetivo evitar que a atual política de enfrentamento à desinformação da empresa seja alterada ainda neste ano, em um momento no qual fake news sobre o funcionamento das instituições e a integridade do sistema de votação brasileiro podem colocar em risco a estabilidade democrática do país”, disse o MPF em comunicado.
A nova ferramenta, batizada de Comunidades, permitirá a integração de grupos relacionados entre si, ampliando assim o alcance das mensagens divulgados neste novo espaço dentro do aplicativo.
“Entre os motivos de preocupação do órgão, está o fato de que usuários no papel de administradores destas Comunidades poderão, valendo-se de ‘avisos’, mandar mensagens para todos os milhares de integrantes dos grupos que elas congregarem, de uma só vez. Tal recurso, a depender de como será usado após ser implementado, poderá aumentar a capacidade de as pessoas viralizarem conteúdos por meio do aplicativo”, disse o MPF.
Recentemente, após informações de que o WhatsApp adiaria a adoção da ferramenta no Brasil para depois das eleições, o presidente Jair Bolsonaro mostrou descontentamento com a decisão e se reuniu em Brasília com representantes do aplicativo, controlado pela Meta, que também é dona do Facebook.
Bolsonaro fez amplo uso das redes sociais na campanha que o elegeu em 2018 e há acusações da oposição de que sua campanha usou as redes para disseminar notícias falsas na ocasião.
O presidente faz frequentemente alegações falsas sobre o sistema eleitoral e coloca em dúvida, sem apresentar provas, a segurança e lisura do sistema eletrônico de votação.
Procurado, o WhatsApp afirmou que avalia o melhor momento para implementar a ferramenta Comunidades no Brasil.
“Recebemos a recomendação do Ministério Público Federal sobre a data de lançamento de Comunidades no Brasil e valorizamos o contínuo diálogo e cooperação com as autoridades brasileiras. O WhatsApp seguirá avaliando de maneira cuidadosa e criteriosa o melhor momento para o lançamento dessa funcionalidade e apresentará sua resposta dentro do prazo estabelecido pela autoridade”, afirmou a empresa.
O MPF deu prazo de 20 dias úteis para o WhastsApp responder se acatará a recomendação. “. Caso não acolha, o MPF poderá ir à Justiça para fazer valer as providências recomendadas”, afirma a nota do Ministério Público.
*** Informações com ➡ Revista IstoÉ
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