O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reuniu-se nesta segunda-feira (5) com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan.
Lula recebeu Sullivan no hotel onde está hospedado em Brasília. No encontro, entre outros temas, os dois trataram de uma possível visita de Lula ao presidente norte-americano, Joe Biden.
“Recebi hoje do conselheiro de segurança norte-americano, Jake Sullivan, o convite do presidente Joe Biden para visitá-lo na Casa Branca. Estou animado para conversar com o presidente Biden e aprofundar a relação entre nossos países”, afirmou Lula em uma rede social sobre o encontro com o assessor de Biden.
Da equipe de Lula, estavam presentes o senador Jaques Wagner (PT-BA), o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim e o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que está cotado para assumir o Ministério da Fazenda em 2023. Também participou o procurador da Fazenda Nacional Jorge Messias, integrante do GT de Transparência, Integridade e Controle da transição de governo.
Data da viagem
A viagem de Lula aos Estados Unidos só deve ocorrer após a diplomação do petista como presidente da República pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para o próximo dia 12.
Após a reunião, o ex-chanceler Celso Amorim contou, em entrevista, que Lula não descartou viajar ainda em dezembro, mas indiciou que prefere viajar em janeiro, após a posse na Presidência da República.
Lula citou providências que precisam ser adotadas, negociações em curso em Brasília, para justificar a preferência por viajar em 2023.
“[Lula] valorizou muito o fato de o convite ser feito desta maneira, mas que talvez não desse para estar [nos EUA] antes da posse. Mas que ele acha que dá para ir logo no início do ano também já em uma visita oficial como presidente”, disse Amorim.
De acordo com Amorim, que integra a equipe de transição na área de relações exteriores, Lula e Sullivan tiveram “uma conversa muito ampla” com quase duas horas de duração sobre temas regionais e mundiais, entre os quais:
- Mudanças climáticas
- Guerra na Ucrânia
- Reforma do Conselho de Segurança da ONU
- Situação na Venezuela e no Haiti
- Saúde
- Comparações entre trumpismo e Bolsonarismo
- Fortalecimento da democracia na região
- Cooperação em desenvolvimento e tecnologia
Segundo o ex-chanceler, a reunião não debateu de forma detalhada como Brasil e EUA podem atuar no combate às mudanças climáticas, mas se reconheceu a importância do engajamento dos dois países.
Haiti
Questionado se foi discutida uma nova missão internacional para pacificar o Haiti, Amorim disse que Lula e Sullivan demonstraram preocupação com a situação atual do país, mas que o conselheiro americano não fez pedido específico ao governo brasileiro.
O Brasil participou com militares de missões de paz da ONU no Haiti. No momento, EUA e outros países avaliam uma nova missão no país.
“Ele [Sullivan] não suscitou desejo de que o Brasil participe. Foi mencionada uma força multinacional, mas ele nem suscitou assim com entusiasmo”, disse o ex-chanceler.
Venezuela
De acordo com Amorim, a reunião também discutiu a necessidade se encontrar uma “solução para a crise na Venezuela”, mas sem entrar em detalhes. A sinalização americano é de expectativa da realização de eleições consideradas justas.
“O presidente Lula falou da importância de se ter um contato real e reconhecer as realidades”, disse.
O governo Bolsonaro reconheceu Juan Guiadó como presidente da Venezuela em vez do atual presidente Nicolás Maduro, que é aliado de Lula na região.
Relação Brasil-EUA
Integrante da equipe do presidente americano, Joe Biden, Sullivan também terá em Brasília uma agenda com o atual secretário de Assuntos Estratégicos do governo brasileiro, Flávio Rocha.
Antes da reunião com Lula, o governo americano informou em nota que Sullivan viajou para o Brasil discutir a relação dos dois países e formas de trabalho conjunto em áreas como clima, segurança alimentar, inclusão, migrações e democracia.
As equipes de Lula e Biden apostam em uma relação mais próxima do que a mantida atualmente com a Casa Branca por Bolsonaro, apoiador do ex-presidente Donald Trump.
Há expectativa de atuação conjunta, em especial, na agenda de preservação da Amazônia e combate às mudanças climáticas.
Sullivan veio ao Brasil em agosto de 2021, quando se encontrou com Bolsonaro e membros de seu governo, como o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o vice Hamilton Mourão.
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