SÃO PAULO, SP – O grupo liderado pelo deputado federal eleito Guilherme Boulos (SP) saiu vencedor em duas votações no Diretório Nacional do PSOL neste sábado (17/12/2022) e, por isso, o partido apoiará o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e participará de sua base de sustentação no Congresso.
“Uma decisão política madura e acertada do partido. Havia aqueles que defendiam uma posição de independência, no sentido de não compor a base, e venceu a posição de compor a base do governo Lula para poder contribuir na derrota do bolsonarismo e na reconstrução do Brasil”, diz Boulos ao Painel.
O grupo liderado por Sâmia Bomfim (SP) defendia que a sigla permanecesse independente em relação ao governo federal. Em uma primeira votação, esse grupo retirou a proposta que havia apresentado e votou na do grupo de Boulos. Um dos pontos que os apoiadores da deputada federal defendiam era o de que o governo não tivesse cargos na gestão petista, que acabou sendo aprovado como parte da resolução escolhida.
Na segunda votação, o grupo de Sâmia foi voto vencido ao defender que a bancada psolista não compusesse a base lulista no Congresso.
“Discordo da tese de que saí derrotada. Estou, na verdade, bem satisfeita de que saiu a resolução explícita sobre não ter cargos, ter afastamento e não falar em nome do PSOL se alguém tiver cargo. Porque isso é o fundamental para a independência”, afirma Sâmia à coluna.
O PSOL decidiu que, no Congresso, apoiará o presidente eleito, “observando as orientações políticas a seguir, quando mantidas as condições políticas para essa composição”.
A resolução destaca que a bancada do partido “preservará sua liberdade de crítica e de iniciativa em relação a todas as medidas que considerar contrárias ao seu programa ou que não contribuam para a superação das atitudes autoritárias e antidemocráticas da extrema direita no país”.
Sobre cargos, a primeira resolução aprovada afirma que vai aceitar que a deputada federal eleita Sônia Guajajara (PSOL-SP), que foi indicada pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas) para comandar o Ministério dos Povos Originários, assuma a pasta.
Em casos como o dela, em que filiados sejam convidados e decidam ocupar cargos no governo federal, a resolução define que eles terão de deixar seus cargos na direção do PSOL, como acontece em outras legendas, como o próprio PT.
“A eventual presença nesses espaços não representa participação do PSOL”, diz a resolução aprovada.
O argumento da ala de Boulos e Juliano Medeiros, presidente do PSOL, é o de que é possível que a legenda mantenha a autonomia mesmo integrando a base partidária do governo, disputando internamente os espaços para puxar a agenda do país para a esquerda.
Em entrevista à coluna Mônica Bergamo no começo de dezembro, Sâmia dizia que seu entendimento era o de que o partido deveria permanecer fora do governo para poder vocalizar pautas que não têm espaço com outras legendas com as quais o PT se aliou para conseguir vencer Jair Bolsonaro (PL).
A posição também tinha apoio dos deputados federais Glauber Braga (RJ) e Fernanda Melchionna (RS).
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