Lívia Ramos de Souza tem 19 anos e até pouco tempo atrás estava trabalhando com um contrato provisório de jovem aprendiz. Quando ficou desempregada, passou a procurar uma nova oportunidade e então se candidatou a uma vaga no site Infojobs.
No dia 5 deste mês, Lívia foi chamada para uma entrevista de emprego. Ela foi, chegou no meio da manhã, conversou com os responsáveis pela vaga e iniciou uma espécie de treinamento para ver se tinha aptidão para a atividade. Quando era por volta de 14h, no escritório da Icon Investimentos, agentes da Polícia Civil invadiram o local. Era uma operação contra um esquema de golpes em venda de consórcios.
No local estavam outros 17 jovens, com idade entre 18 e 30 anos, alguns tentando garantir um emprego e outros já trabalhando, assim como pessoal da administração da Icon. Todos foram levados para a delegacia, tiveram a prisão decretada pela Justiça e seguem na cadeia há 10 dias.
“Ela viu a vaga na internet, no site Infojobs. Chegando lá, já colocaram ela para fazer treinamento no computador. Não assinou nada, não chegou a fazer venda e não teve movimento de dinheiro entrando na conta dela, só estava treinando. Eu estava no trabalho, e quando foi 20 horas ela me ligou desesperada dizendo que estava presa”, contou a mãe de Lívia, Cristiane Pinto Ramos, de 51 anos, à reportagem do jornal carioca O Globo.
Levada para a 58ª DP, Lívia conseguiu falar com mãe e pediu para que ela comparecesse à delegacia para explicar que tudo não passava de um engano, e então a retirasse de lá. Cristiane foi, mas não atingiu o objetivo. Um advogado da empresa já estava no local e dizia que tentava habeas corpus para todos os presos, que no fim das contas foram negados. Todo mundo foi transferido está no Presídio Oscar Stevenson, em Benfica, onde permanecem aguardando vagas em outras unidades penitenciárias.
“É uma menina estudiosa, terminou os estudos com 17 anos. Concluiu curso de administrativo em dois anos. Estudiosa, trabalhadora, carinhosa. Muito família, tranquila, educada e do lar. Uma menina meiga. Não tem nada que desabone a conduta dela. É cheia de amizades”, falou a mãe ainda ao O Globo.
José Mario Salomão Omena, delegado que chefia a investigação contra a Icon Investimentos, disse que todas as informações sobre o esquema de golpe foram passadas pelo Setor de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e que os casos de estelionato da empresa atingiram mais de mil pessoas, gerando um “lucro” de mais de R$ 3 milhões.
“Encontramos uma pessoa negociando um carro inexistente e encontramos o esquema funcionando. Nunca teve carro entregue. Enriquecimento ilícito. Antes, funcionaram em outro endereço, com outro nome”, revelou o delegado ao diário do Rio.
Omena explicou ainda que “o tempo de trabalho e a participação” de cada um dos detidos “está indicado” nos autos que levaram a Justiça a decretar a prisão dos jovens.
*** Informações com ➡ O Globo via Revista Forum
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