A Polícia Federal (PF) apreendeu armas, radiocomunicadores, munição e coletes à prova de bala, e destruiu um acampamento de garimpeiros ilegais que voltaram para a Terra Yanomami. Novas operações começaram nesta terça-feira (16). Não houve prisões.
De acordo com a PF, os agentes estão atrás de garimpeiros que permanecem na região, mesmo depois das operações de 2023, ou que voltaram à maior reserva indígena do país. O garimpo ilegal é uma das causas da crise de saúde na Terra Yanomami. A emergência sanitária declarada pelo governo Federal está prestes a completar um ano.
Além das ações por terra, agentes fizeram um sobrevoo para mapear locais de invasão dentro do território.
Esta operação é a primeira desde que o governo federal anunciou “ações permanentes” na Terra Yanomami. A ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, anunciou a instalação de uma Casa de Governo para acompanhar a execução de ações e políticas públicas no território.
O presidente Lula (PT) chegou a fazer uma reunião com ministros no Palácio do Planalto na semana passada para avaliar as ações tomadas e definir novas medidas para atender os Yanomami. Ele disse que a situação dos indígenas é tratada como “questão de Estado”.
Ficou determinado que a presença das Forças Armadas e da Polícia Federal será permanente na região. A Casa Civil anunciou ainda investimentos de R$ 1,2 bilhão para “ações estruturantes” em 2024. O ministro Silvio Almeida avaliou o momento da reunião e a visita como “emblemático”, pois demonstra o compromisso do Estado brasileiro.
“Enquanto os Yanomami estiverem em risco, o povo brasileiro inteiro está em perigo”, completou.
A visita dos ministros aconteceu em meio à permanência dos garimpeiros no território. Um dos primeiros passos da ação emergencial do governo foi o reforço na segurança e repressão à atividade criminosa com a fiscalização do espaço aéreo — principal meio de locomoção entre garimpeiros.
No entanto, um ano depois, o cenário é outro. As pistas ilegais voltaram a operar. Os garimpos foram reativados e, com isso, a ameaça à segurança.
“O garimpo e a sua efetivação ela não é resultado para solução de problema, ela é um crime que está sendo investigado, está sendo punido e combatido e para nosso estado de Roraima, que eu faço parte, existe alternativas para questão desenvolvimento sustentável e econômico, que não é invasão de terra indígena e tampouco prejudicar o meio ambiente”, disse Joenia Wapichana.
Após a coletiva, o g1 tentou falar com o líder Yanomami Davi Kopenawa, mas um assessor que integrava a equipe federal disse que ele não poderia gravar com a equipe.
Em janeiro de 2023, o governo Lula, recém-empossado, expôs a situação no território, decretou emergência de saúde pública e deflagrou uma série de operações para garantir assistência aos indígenas e conter o garimpo ilegal.
Na avaliação do Ministério Público Federal e de lideranças indígenas, a União conseguiu dar uma resposta de emergência, mas não avançou o suficiente, e o cenário devastador segue o mesmo. Ainda há fome, malária, centenas de mortes e devastação com o garimpo.
Segundo o governo, em 2023 foi criado um centro de operações de emergências em saúde pública na região. Foram realizados mais 13 mil atendimentos de saúde e enviados 4,3 milhões de unidades de medicamentos e insumos.
O território é alvo há décadas do garimpo ilegal, mas a invasão se intensificou nos últimos anos. A atividade impacta diretamente o modo de vida dos povos originários, isto porque a invasão destrói o meio ambiente, causa violência, conflitos armados e poluição dos rios devido ao uso do mercúrio
*** Informações com ➡ G1
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