Governo Federal anuncia corte de R$ 42,3 bilhões no MEC; ensino integral pode ser afetado

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Da Redação do Aconteceu Ipu

O governo federal divulgou nesta quinta-feira (29) um pacote de corte de gastos que prevê a retirada de R$ 42,3 bilhões do orçamento do Ministério da Educação (MEC) nos próximos cinco anos. A medida pode impactar diretamente uma das promessas de campanha do presidente Lula: a ampliação do ensino em tempo integral no Brasil.

Mudança no financiamento do ensino integral

O principal ponto do corte anunciado é a retirada da obrigatoriedade de o MEC destinar recursos próprios para a expansão do ensino integral. A proposta prevê que esses custos passem a ser financiados exclusivamente pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

O Fundeb é majoritariamente sustentado por estados, municípios e o Distrito Federal, com uma complementação de recursos do governo federal. Essa complementação, que atualmente representa 19% do fundo, deve alcançar 23% até 2026.

Entretanto, o controle do Fundeb é descentralizado, sendo gerido por prefeitos e governadores, o que pode dificultar uma execução uniforme da política de ensino integral.

Impactos do corte de R$ 42,3 bilhões

De acordo com o Ministério da Fazenda, a medida abrirá “espaço fiscal” no orçamento do MEC, permitindo que os recursos antes “carimbados” para o ensino integral sejam realocados para outras prioridades do governo. Contudo, especialistas apontam que, sem um programa centralizado no MEC, a expansão do ensino em tempo integral pode enfrentar dificuldades.

Caso o Congresso Nacional aprove o pacote sem alterações, a perda de recursos dedicados ao ensino integral somará R$ 42,3 bilhões em cinco anos. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), isso pode ampliar desigualdades regionais, já que muitos municípios dependem quase exclusivamente do Fundeb para financiar a educação.

13% do pacote total de cortes

A retirada de recursos do MEC corresponde a 13% do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo, que totaliza R$ 327,1 bilhões até 2028. A maior contenção de despesas será no reajuste do salário mínimo, com impacto nos benefícios previdenciários e assistenciais.

Críticas de especialistas

Organizações como o Inesc criticaram a proposta, afirmando que ela transfere a responsabilidade da educação em tempo integral para estados e municípios, que já enfrentam dificuldades financeiras.

“Boa parte dos municípios brasileiros não consegue sequer pagar o piso salarial dos professores. Agora, terão que arcar com a oferta de ensino integral com recursos do Fundeb, o que pode não acontecer, agravando as desigualdades regionais”, alertou a ONG.

O que diz o governo

Em nota, o Ministério da Fazenda destacou que a complementação federal do Fundeb continuará crescendo conforme a lei atual, e que a proposta traz uma nova condicionalidade para aplicação dos recursos.

“Do dinheiro da complementação do governo federal, 20% terão que ser aplicados obrigatoriamente em educação em tempo integral. Essa medida visa garantir que a política prioritária do governo seja contemplada”, afirmou o Ministério.

O MEC, por sua vez, argumentou que o corte abre um “espaço fiscal” para que o orçamento seja redistribuído em outras ações estratégicas.

Próximos passos no Congresso

Os três textos do pacote de corte de gastos ainda serão enviados ao Congresso Nacional, onde podem sofrer alterações. A tramitação será acompanhada de perto por educadores, gestores públicos e entidades da sociedade civil, preocupados com o impacto das mudanças na qualidade e no alcance da educação básica no Brasil.

*** Informações com ➡ Conteúdo G1

** Postagem: Virginia Aragão Soares

(Direto da Redação do Aconteceu Ipu)

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