Por: Afrânio Soares (Aconteceu Ipu)
Dizem que política e futebol não se misturam, mas quem acredita nisso provavelmente nunca assistiu a uma eleição acalorada ou a uma final de campeonato. Nos dois casos, o roteiro é bem parecido: muita torcida, gritos de guerra, promessas de vitória, e quando a derrota bate na porta, um festival de “chororó” que daria até para encher o Maracanã.
Imagine um técnico de futebol reclamando com o árbitro por uma semana inteira depois de um jogo perdido. “Ah, mas aquele pênalti não marcado mudou tudo!” – diria ele, com olhos marejados. E o torcedor responde lá da arquibancada: “Ok, professor, mas cadê o treino para a próxima temporada?” Assim deveria ser também na política. Perdeu? Levanta a cabeça, refaz os planos, troca o esquema tático e volta para o campo com um time competitivo.
E quem dá um show nesse quesito é o presidente Lula. O homem perdeu quatro eleições antes de subir ao Planalto pela primeira vez. Se fosse outro, talvez tivesse pendurado as chuteiras políticas no segundo tropeço, mas ele não. No dia seguinte à derrota, lá estava o “mestre do recomeço” conversando com a torcida, ajustando o time e mirando a próxima disputa. Resultado? Virou presidente, foi reeleito, e ainda conseguiu eleger sua sucessora. E como se não bastasse, voltou à presidência após uma disputa acirrada contra o ex-presidente Bolsonaro. Se isso não é persistência, o que seria?
O problema de muitos políticos hoje é que, depois de uma derrota, em vez de arregaçar as mangas, preferem chorar no vestiário, achando que a torcida vai ter pena. Spoiler: não vai. Democracia é como um campeonato: todo mundo quer ver seu time ganhar, mas quando perde, o que o torcedor quer é que o time volte logo a treinar para a próxima rodada.
No Brasil, o “chororó” político já virou tradição. É meme, é discurso inflamado, é desculpa criativa. Mas, convenhamos, nenhuma dessas coisas ganha eleição. O que ganha é trabalho duro, estratégia bem montada e um time que saiba fazer oposição com qualidade. Não adianta só criticar o técnico adversário ou dizer que o árbitro está comprado. O jogo só se ganha dentro das quatro linhas.
A política brasileira, assim como o futebol, é cheia de reviravoltas e surpresas. Mas uma coisa é certa: só ganha quem entende que derrota não é o fim. É apenas o começo de uma nova temporada. Então, bora colocar o uniforme, treinar e ir para o próximo jogo. E, por favor, menos chororó e mais gols. O povo agradece.
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** Postagem: Virginia Aragão Soares
(Direto da Redação do Aconteceu Ipu)
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