Ato em Copacabana reúne apoiadores de Bolsonaro e pede anistia para condenados do 8 de janeiro

Número de participantes gera controvérsias

O número de participantes do ato foi alvo de diferentes estimativas. Segundo um levantamento da Universidade de São Paulo (USP), o evento atingiu seu pico com aproximadamente 18,3 mil pessoas. O instituto Datafolha calculou um total de 30 mil presentes. Já a Polícia Militar, em um post nas redes sociais, afirmou que a manifestação contou com 400 mil apoiadores.

Presença de autoridades e figuras políticas

Além de Bolsonaro, o evento contou com a presença de governadores e parlamentares aliados. Entre os presentes estavam os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Mauro Mendes (Mato Grosso). Também marcaram presença os senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, e o pastor Silas Malafaia, coordenador da manifestação.

Discurso de Bolsonaro

Durante sua fala, Bolsonaro defendeu a anistia para os presos do 8 de janeiro, criticou a condução do governo Lula e comparou sua gestão com a atual. Ele afirmou que os condenados foram vítimas de uma “armadilha” e que as penas são excessivas.

“Eu jamais esperava estar lutando pela anistia de pessoas de bem, que não cometeram nenhum ato de maldade. Foram atraídas para uma armadilha”, declarou. Ele também afirmou que sua presença fora do Brasil no dia dos ataques evitou que fosse preso ou até morto: “Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou quem sabe morto por eles.”

Bolsonaro criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em especial, o ministro Alexandre de Moraes, a quem atribuiu influência no resultado das eleições de 2022. Ele alegou que sua campanha sofreu censura e pediu aos apoiadores que garantam maioria no Congresso nas eleições de 2026 para mudar o cenário político.

Governadores pedem anistia

Os governadores Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas também discursaram e reforçaram o pedido de anistia.

“Esse governo que está aí usa pessoas inocentes presas como forma de manter a militância unida”, disse Castro. O governador paulista, por sua vez, afirmou que as penas aplicadas são desproporcionais e que lutará para a aprovação do projeto de anistia no Congresso.

Objetivos do ato e contexto político

A manifestação ocorre em um momento crucial, às vésperas do STF julgar uma denúncia da Procuradoria-Geral da República que pode tornar Bolsonaro réu. O ato é interpretado como uma tentativa de pressionar o Congresso a aprovar o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro.

Entre os manifestantes, muitos usavam camisas amarelas e seguravam cartazes pedindo a volta de Bolsonaro ao poder, além da saída do presidente Lula. A manifestação interditou um trecho da Avenida Atlântica e contou com grande aparato policial.

Condenações e impacto dos ataques

Até o momento, 481 pessoas foram condenadas pelo STF pelos ataques às sedes dos Três Poderes. Destas, 255 tiveram suas ações classificadas como graves, com penas que chegam a 17 anos e 6 meses de prisão. Outras 84 pessoas seguem presas preventivamente.

Os ataques causaram um prejuízo estimado em R$ 26,2 milhões ao patrimônio público. Além dos danos financeiros, obras de arte e bens históricos foram irrecuperavelmente destruídos.

O ato deste domingo reforça a polarização política no país e reacende o debate sobre a responsabilidade dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, além da influência de Bolsonaro na oposição ao governo Lula.