Glauber Braga encerra greve de fome e aposta em articulações para evitar cassação; vejamos

Articulação política e suspensão temporária

A suspensão da greve de fome foi resultado de uma intensa articulação envolvendo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), os líderes Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSOL-RJ), além da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber.

Pelo acordo, o recurso de Glauber será analisado pela CCJ e o processo ficará suspenso por 60 dias. Após esse prazo, poderá ir a plenário. “Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar”, declarou Hugo Motta nas redes sociais.

PSOL, governo e a preocupação com a suplente

Durante o período da suspensão, PSOL e governo tentarão negociar uma alternativa menos drástica à cassação, como uma suspensão temporária do mandato. O Centrão, porém, resiste e pressiona por uma tramitação mais célere.

Nos bastidores, há apreensão quanto à possibilidade de Glauber perder o mandato e sua suplente, Heloísa Helena (Rede-RJ), assumir a cadeira. Crítica ferrenha ao PT, Heloísa é vista como uma potencial voz de oposição dentro da esquerda. A ex-senadora foi expulsa do PT em 2003, após divergir do governo Lula, e hoje está em disputa pelo comando da Rede com a ministra Marina Silva.

Interlocução com o Planalto

A esquerda trabalha para envolver o Palácio do Planalto nas negociações. Embora Lula não deva participar diretamente, a entrada de ministros, como Gleisi Hoffmann, está no radar. Gleisi, inclusive, já visitou Glauber e tem defendido a manutenção de seu mandato.

Decisão final pode ficar para o segundo semestre

Com o prazo de 60 dias, a votação em plenário pode ser adiada para o segundo semestre. Até lá, aliados de Glauber buscarão um acordo político para evitar sua cassação. A missão, no entanto, não será fácil: o Centrão foi responsável por 10 dos 13 votos pela cassação no Conselho de Ética, e o relator do processo, Paulo Magalhães (PSD), é de um partido da base governista.

Apesar da celeridade no caso de Glauber, ele ainda é mais rápido do que o do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco, cujo processo segue parado desde agosto de 2024.

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