O Telegram bloqueou neste sábado (26/02/2022) o canal do bolsonarista Allan dos Santos, que conta com cerca de 125 mil seguidores. A empresa cumpriu decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O aplicativo de mensagens informou que o canal “violou as leis locais”. O blogueiro, porém, já criou outro canal na mesma plataforma.
Ontem, Allan dos Santos desafiou Moraes, poucas horas após o ministro do STF estipular um prazo de 24 horas para que o Telegram excluísse perfis do influenciador.
Em áudio divulgado em um de seus canais da plataforma, na noite de ontem, Allan xingou o ministro com palavrões e disse que se seus perfis fossem derrubados no Telegram, ele criaria outros. A promessa foi cumprida neste sábado. O blogueiro anunciou que agora envia mensagens no que chamou de “canal reserva”, e usou como nome “Allan dos Santos 2”.
“Alexandre de Moraes, se você mandar derrubar esse canal, eu crio outro, eu crio outro, eu crio outro, eu crio outro…”, diz trecho da mensagem divulgada pelo blogueiro.
A decisão de Moraes faz parte do inquérito das milícias digitais, que corre na Corte e no qual Allan é um dos investigados. A ação mira grupos que organizam ataques contra a democracia na internet.
A decisão, divulgada pela Folha de S.Paulo e ao qual o UOL teve acesso, diz que se o Telegram não excluísse os perfis do blogueiro em até 24 horas, o aplicativo seria bloqueado no Brasil por 48 horas. Três perfis ligados ao blogueiro na plataforma estão na mira do STF: @allandossantos, canal público com 124 mil seguidores; @tercalivre, com 50 mil inscritos; e @artigo220, canal privado (que não pode ser achado pela busca do Telegram) com 6 mil inscritos.
Moraes também estipulou multa diária de R$100 mil para cada perfil que o Telegram deixasse de banir no prazo determinado.
“O investigado tem se utilizado do alcance de seu perfil no aplicativo Telegram (com mais de 121 mil inscritos) como parte da estrutura destinada à propagação de ataques ao Estado Democrático de Direito, ao Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Senado Federal, além de autoridades vinculadas a esses órgãos”, diz Moraes na decisão.
O inquérito das milícias digitais
Relatado por Moraes, o inquérito das milícias digitais foi aberto originalmente no Supremo em abril de 2020, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para identificar os organizadores e financiadores de uma série de protestos que pediam o fechamento do Congresso e do STF e a volta da ditadura militar.
Chegaram a ser alvos da investigação original o ex-ministro da Comunicação, Fábio Wajngarten, Allan dos Santos e o empresário Otávio Fakhoury. A militante Sara Winter e o youtuber Oswaldo Eustáquio chegaram a presos temporariamente no decorrer da ação.
Em junho passado, a PGR, no entanto, pediu o arquivamento da apuração, argumentando que não foram encontradas provas contra autoridades com foro especial. Moraes atendeu ao pedido, mas abriu um novo inquérito para investigar a existência de uma organização criminosa digital que atuaria para abalar a democracia.
Para justificar a ação na Corte, o magistrado citou os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a necessidade de esclarecer suspeitas de que aliados do presidente estariam usando dinheiro público para fazer ataques às instituições nas redes sociais.
*** Informações com 👉 UOL
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