Inflação de fevereiro registra maior alta desde 2003 e preocupa mercado

Energia elétrica impulsiona alta da inflação

O principal responsável pelo aumento da inflação em fevereiro foi o reajuste na conta de energia elétrica residencial, que teve alta de 16,80%. Esse aumento impactou diretamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), contribuindo com 0,56 ponto percentual para o resultado geral.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, essa elevação ocorreu devido ao fim do Bônus de Itaipu, que havia concedido descontos nas faturas de janeiro. Com o término do benefício, os consumidores sentiram o reajuste no bolso.

Setores que mais impactaram a inflação

De acordo com o IBGE, quatro grupos de produtos e serviços concentraram 92% da inflação em fevereiro:

• Educação: 4,70%
• Habitação: 4,44%
• Alimentação e bebidas: 0,70%
• Transportes: 0,61%

A alta no setor de Educação foi influenciada pelos reajustes das mensalidades escolares no início do ano letivo, com aumentos expressivos no ensino fundamental (7,51%), médio (7,27%) e pré-escolar (7,02%).

Alimentação segue em alta

O grupo Alimentação e Bebidas registrou aumento de 0,70% em fevereiro, marcando o sexto mês consecutivo de avanço nos preços. Entre os produtos que mais subiram estão:

• Ovo de galinha: +15,39%
• Café moído: +10,77%

Por outro lado, houve queda nos preços de:

• Batata-inglesa: -4,10%
• Arroz: -1,61%
• Leite longa vida: -1,04%

Especialistas apontam que o café enfrenta problemas na safra, enquanto o aumento no preço do ovo é atribuído à alta na exportação e ao calor intenso, que prejudica a produção.

Combustíveis voltam a subir

No setor de Transportes, a inflação foi impulsionada pela alta nos preços dos combustíveis, que subiram 2,89% no mês. Entre os principais aumentos estão:

• Óleo diesel: +4,35%
• Etanol: +3,62%
• Gasolina: +2,78%

O gás veicular foi o único a registrar queda (-0,52%).

INPC também registra alta

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de menor renda, subiu 1,48% em fevereiro – o maior índice para o mês desde 2003. No acumulado de 12 meses, o INPC atinge 4,87%.

Projeções do mercado para a inflação

O mercado financeiro revisou para cima a projeção de inflação para 2025. Segundo o relatório Focus do Banco Central, a expectativa para o IPCA passou de 5,65% para 5,68%.

Projeções para os próximos anos:

• 2026: 4,40%
• 2027: 4,00%
• 2028: 3,78%

O Banco Central alerta que há 50% de chance de a inflação estourar o teto da meta neste ano, o que exigiria medidas adicionais para conter a alta dos preços.

Novo sistema de metas para inflação

A partir de 2025, o Brasil adotou um sistema de meta de inflação contínua. Agora, a inflação é monitorada mês a mês, e se o IPCA acumulado em 12 meses ultrapassar o limite por seis meses consecutivos, a meta será considerada descumprida.

Para 2025, a meta de inflação é de 3%, com variação permitida entre 1,5% e 4,5%. Caso seja descumprida, o Banco Central terá que justificar o resultado ao Ministério da Fazenda e poderá adotar medidas para ajustar a taxa de juros.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros (Selic), acontecerá nos dias 18 e 19 de março.